Rea��o de mutu�rios impede despejo no Graciliano Ramos
Moradores do Conjunto Graciliano Ramos fizeram, ontem de manhã, um protesto contra a ação de despejo da Caixa Econômica Federal envolvendo cinco famílias que estavam com as prestações do financiamento da casa própria em atraso. Funcionários da Caix
Por | Edição do dia 30/08/2002 - Matéria atualizada em 30/08/2002 às 00h00
Moradores do Conjunto Graciliano Ramos fizeram, ontem de manhã, um protesto contra a ação de despejo da Caixa Econômica Federal envolvendo cinco famílias que estavam com as prestações do financiamento da casa própria em atraso. Funcionários da Caixa, acompanhados de policiais federais, chegaram por volta das 9 horas para iniciar o despejo, surpreendendo os moradores do conjunto, que planejavam fazer o protesto às 10 horas. Os funcionários da Caixa conseguiram efetuar o despejo em apenas uma das cinco casas previstas para o dia de ontem. Nas outras quatro foram impedidos pelos moradores do conjunto, que com faixas e gritando palavras de ordem expulsaram, literalmente, os caminhões contratados pela Caixa para fazer a retirada dos móveis. O presidente da Associação dos Mutuários da Caixa Econômica Federal, Damião Veríssimo, condenou a ação de despejo. A associação não tem como impedir esses despejos. Estivemos reunidos com representantes da Caixa, na quarta-feira, e fomos informados de que só a Justiça pode resolver a questão. Outra opção dada pela Caixa, conforme Damião, foi o pagamento de uma parcela de R$ 700,00 pelos moradores inadimplentes. Se a pessoa não tem hoje condições de pagar uma prestação de R$ 200,00, como vai ter dinheiro para pagar uma parcela nesse valor?, questionou Damião. Alguns moradores exaltados, e que também estão ameaçados de despejo, afirmavam que não deixariam que nenhuma das casas fosse desocupada. Caixa assegura que ordens de despejo serão retomadas O superintendente da Caixa Econômica Federal (CEF) em Alagoas, William Wagner, afirmou, ontem, que a ordem de despejo vai continuar. Segundo ele, os mutuários inadimplentes do Graciliano Ramos têm conhecimento há mais de um ano da tramitação da ação de despejo, e foram esgotadas todas as oportunidades de negociação do débito. A retomada do imóvel pela CEF foi a única alternativa que restou. Se alguém compra e não pode pagar, tem de devolver. Isso acontece com qualquer produto, argumenta. O superintendente informou que 70% dos mutuá-rios do conjunto estão inadimplentes e que 48 ordens de despejo estão prontas para execução. Negociação De acordo com William Wagner, os imóveis do conjunto estão avaliados pela CEF em R$ 13.336,18 cerca de 40% do valor inicial - e sobre esse valor a instituição estava pedindo, na renegociação, 20% de sinal, mais 5% de caução e outras taxas - de registro, escritura e ITBI - que chegavam a 33%. Para tentar avançar, baixou o sinal para 10% e depois propôs que fosse pago em duas parcelas. Não surtiu efeito. Agora as alternativas que restam a esses mutuários são quase impraticáveis: pagar o imóvel à vista ou conseguir um parente que faça um financiamento novo em seu nome. A CEF tem uma média de 16 mil um-tuários em Alagoas e, conforme William Wagner, o índice de inadimplência está entre os mais altos do Brasil, o que acaba dificultando a vinda de recursos para novos investimentos. Outros conjuntos habitacionais, entre eles o Medeiros Neto, Teotônio Vilela e Tabuleiro do Martins, estão em situação quase idêntica ao Graciliano, podendo ter o mesmo desfecho.