CEF afirma que objetivo de mutu�rios inadimplentes � ter moradia gratuita
Morar de graça é o objetivo de parte dos mutuários inadimplentes com a Caixa Econômica Federal (CEF), para os quais as ações de desocupações de imóveis irão continuar, segundo informou, ontem, o superintendente da CEF em Alagoas, Willian Wagner Ferreira.
Por | Edição do dia 05/09/2002 - Matéria atualizada em 05/09/2002 às 00h00
Morar de graça é o objetivo de parte dos mutuários inadimplentes com a Caixa Econômica Federal (CEF), para os quais as ações de desocupações de imóveis irão continuar, segundo informou, ontem, o superintendente da CEF em Alagoas, Willian Wagner Ferreira. O trabalho da Justiça é legal e ético e não podemos impedi-lo, o problema é que há muita gente querendo morar sem pagar nada, ressaltou Willian Ferreira. No Conjunto Graciliano Ramos ainda existem 48 imóveis a serem desocupados por determinação judicial, mas a grande maioria está em negociação com a Empresa Gestora de Ativos (Engea), criada pelo governo federal, em julho do ano passado com esse objetivo. A Engea está intermediando a renegociação de cerca de 1.800 imóveis, cujos contratos estão ativos e podem ser negociados com descontos especiais para os seus mutuários. Nesses casos, o imóvel fica mais barato e em condições mais acessíveis de financiamento e o nosso objetivo é negociar e atender a todos os mutuários inadimplentes, disse o superintendente da Caixa no Estado. Willian reconhece o papel ético que a Associação de Moradores do Conjunto Graciliano Ramos vem coordenando nesse processo. Em relação às pessoas que insistem em morar sem arcar com as suas obrigações de mutuários, Wil-lian cita uma modalidade de negociação ocorrida no início do ano passado similar ao PAR (Programa de Arrendamento Familiar), para unidades habitacionais já construídas. De um total de 105 imóveis transformados em PAR Especial, 67 já estavam inadimplentes depois da segunda prestação. A negociação envolveu imóveis do Graciliano Ramos, Osman Loureiro e Residencial Jacarecica. Sobre a moradora do Graciliano Maria Alice da Conceição, que fora despejada semana passada, o superintendente da CEF explicou que a Justiça determinou o seu retorno ao imóvel por um período de 90 dias, quando ela deverá regularizar a sua situação. Na prática, a ordem judicial para a desocupação do imóvel foi movida contra a mutuária que tinha contrato assinado com a CEF e não contra Maria Alice. Ela deverá então, nestes três meses, fazer um novo contrato para aquisição da casa pelo valor de mercado do imóvel, de R$ 13 mil e 336. O valor médio da prestação é de R$ 100,00. Caso não consiga fechar o negócio, Maria Alice terá que desocupar o imóvel. Meu advogado está resolvendo tudo, mas no dia do despejo o oficial de Justiça chegou a dizer que eu estava com uma identidade falsa, apenas por eu ter apresentado uma cópia do documento autenticado, uma vez que fui roubada e estava sem a original, disse Maria Alice, ainda perturbada pelo problema. Segundo as suas informações, o interesse pelo imóvel se deu através de um informativo de vendas publicado pela própria Caixa Econômica. Ela informou que pagou, parceladamente, contas de água e energia elétrica. Tenho toda documentação, mas eles não se interessaram em vê-la, me acusando de ser uma invasora, desabafou.