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Nº 5759
Cidades

Trabalhador do campo tem esperan�a na cidade

Expulsos do campo em decorrência da absoluta falta de condições de desenvolvimento socio-econômico, o trabalhador ainda tem a cidade grande como o lugar de solução para todos os seus problemas. A análise é do economista Dilson Renan. Autor de livros sob

Por | Edição do dia 29/09/2002 - Matéria atualizada em 29/09/2002 às 00h00

Expulsos do campo em decorrência da absoluta falta de condições de desenvolvimento socio-econômico, o trabalhador ainda tem a cidade grande como o lugar de solução para todos os seus problemas. A análise é do economista Dilson Renan. Autor de livros sobre movimentos sociais no campo e reforma agrária, ele afirma que a solução para conter a migração do camponês rumo à zona urbana passa essencialmente pela definição de um sólido processo de reforma agrária conjugada a um projeto de desenvolvimento sustentável a partir da vocação de cada município “exportador” de favelados. “Eles fogem do campo primeiro pelo fato de não terem onde plantar, visto que 70% das terras próprias para o bom plantio estão ocupadas pela cana de açúcar. Mas não basta conseguir a terra. É preciso programas que lhes possibilite geração de renda a partir de pequenos empreendimentos”, explica Dilson. Para ele, o poder de alcance da mídia faz com que a cidade seja vista pelo trabalhador desqualificado como o lugar de solução de todos os seus problemas. “Com o tempo, o excluído percebe que seus problemas dificilmente terão solução. Embora a favela lhes reserve um viver talvez pior do que o dia a dia no meio rural, os favelados preferem o desconforto do favelão a pensar no retorno ao latifúndio onde nem sempre terão ocupação”, afirma. Ele cita como alternativas de sobrevivência na cidade grande, a prestação de serviços domésticos ou mesmo a cata de papelão ou quaisquer outros materiais para fins de reciclagem. “Apesar da baixa remuneração, dados indicam que a população da favela consegue pequenos progressos e algum dinheiro a partir da prestação de serviços a quem detém o poder aquisitivo inexistente no meio rural. Ou seja, dificilmente teriam condições de exercer a mesma tarefa no meio rural, onde o grosso da população também vive à míngua”, reforça. Embora muito se fale em atração de indústrias para os municípios “exportadores” de favelados, Dilson diz que as fábricas dificilmente vão gerar postos de trabalho para absorver toda a demanda das regiões.

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