Cidades
Comiss�o da OAB analisa caso de menor envolvida em culto afro

A Comissão das Minorias Étnicas e Sociais da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL), vai acompanhar o caso da mãe-de-santo Filomena Lima, que foi detida por três horas numa delegacia em Arapiraca, sob acusação de cárcere privado de sua filha de criação R.L.B., de 9 anos. Para o presidente da Comissão, Alberto Jorge Ferreira dos Santos, a prisão de Filomena se caracterizou numa discriminação contra os rituais das religiões afro-brasileiras. ?Não existiu crime nenhum, o que ocorreu foi uma discriminação por falta de conhecimento sobre a religião?, enfatizou Alberto Jorge. Ele se reuniu ontem pela manhã, na sede da OAB, com o presidente da Federação Zeladora dos Cultos Afro-Brasileiros em Geral, Paulo José da Silva, e representantes de outras entidades ligadas às religiões afro para discutir as medidas em relação ao caso. Ficou definida uma reunião, em Arapiraca, no dia 5 de novembro, às 14 horas, com representantes de diversas entidades para discutir a questão. Segundo Alberto Jorge, Filomena Lima foi presa após uma denúncia da professora de R.L.B. de que a criança estaria presa dentro de casa, por mais de 20 dias. Filomena foi acusada também de falsificação do registro civil da criança, que cria desde os 16 dias de vida, porque a registrou em cartório sem realizar o processo de adoção pela Justiça. O presidente da Federação Zeladora dos Cultos, Paulo José da Silva, explicou que se encontrava em casa por 20 dias, sem contato com qualquer pessoa, porque estava realizando um tratamento espiritual. A Ialorixá Miriam Araújo salientou que a criança passou por vários médicos e não obteve cura. ?A zeladora viu nos búzios que ela necessitava de um tratamento espiritual. Ela ficou sem contato com qualquer pessoa, até ser purificada para fazer oferenda aos santos?. Miriam negou também que se tratou de um ritual de magia negra. A criança está desde a prisão da mãe, no último dia 22, internada em um orfanato. ?Ela chora muito e diz que sente muita falta da mãe?, relata Paulo José.