Evento re�ne profissionais para discutir paisagismo
A experiência do paisagismo urbano no Brasil será discutida, no próximo dia 31, no Auditório do Sebrae. O evento, que vai reunir arquitetos, agrônomos, profissionais de paisagismo e estudantes, será uma prévia do curso de capacitação em paisagismo, a ser
Por | Edição do dia 27/10/2002 - Matéria atualizada em 27/10/2002 às 00h00
A experiência do paisagismo urbano no Brasil será discutida, no próximo dia 31, no Auditório do Sebrae. O evento, que vai reunir arquitetos, agrônomos, profissionais de paisagismo e estudantes, será uma prévia do curso de capacitação em paisagismo, a ser ministrado pelo arquiteto Luiz Pedro de Melo César e também professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Brasília (UNB) de 4 a 9 de novembro. Segundo Luiz Pedro, a virada do milênio trouxe o debate sobre as responsabilidades ambientais do homem e de meios para crescer sem destruir. As sociedades passaram a refletir sobre um impasse, no qual se discute uma consciência de mudança para um novo modelo social, econômico e ecológico sem que isso prejudique parâmetros mínimos de justiça social para todos, ressaltou o arquiteto, acrescentando que esse quadro é contraditório, pois os países que hoje são desenvolvidos são os que mais devastaram o meio ambiente no passado. E hoje clamam por solidariedade para uma solução global, acrescentou. Isso significa transferir o ônus das mudanças para os países que não se desenvolveram social e economicamente, razão pela qual ainda guardam percentuais significativos das áreas não degradadas do planeta, considerou Luiz Pedro, destacando que não é mais possível admitir um desenvolvimento calcado na apropriação e destruição do patrimônio natural. Este contexto nos coloca em um dilema ético de escolha entre as necessidades do homem e da natureza, onde a grande contradição é pensar o homem como um ser alheio ao ambiente, afirmou o arquiteto. Segundo Luiz Pedro, novos paradigmas baseados no desenvolvimento sustentável estão surgindo. Mas isso ainda é um discurso, e não uma prática, enfatizou. Isso porque eles constituem um salto civilizatório que vai contra a lógica do consumo indiscriminado e de valores muito presentes nas sociedades industriais que governam o mundo, complementou, lembrando que, na cidade, o desenvolvimento criou cenários configurados pela poluição de todos os gêneros, e pela destruição indiscriminada de muitos ecossistemas. As cidades brasileiras, por exemplo, refletem muito esse quadro construído ao longo do século XX, marcado pelo crescimento vertiginoso e pela perda da qualidade de vida de seus moradores, ao mesmo tempo em que trouxe progresso e conforto tecnológico. Degradação Os causadores dos processos de degradação ambiental, de acordo com Luiz Pedro, foram a migração estimulada pelas contradições entre o campo e a cidade; o crescimento predatório sem planejamento e a especulação imobiliária. No entanto, práticas isoladas condizentes com uma nova mentalidade ambiental refletem a tentativa de reverter esse processo de degradação, onde a natureza é vista como um sistema em que todos os elementos físicos presentes formam um quadro matricial de interações dinâmicas e evolutivas, ressaltou o arquiteto. Ela citou como exemplos de novas práticas a arquitetura, que passou a estudar versões bioclimáticas para trazer conforto com o menor consumo energético possível; o urbanismo, que revela uma preocupação com o cidadão e o respeito ao meio ambiente com desenhos mais condizentes com o lugar; e o paisagismo, que passou a refletir práticas mais sustentáveis, respeitando os ecossistemas e introduzindo espécies nativas nas composições. Essas preocupações revelam mais do que tentativas de solucionar problemas; elas denunciam a busca de novos modelos e parâmetros de atuação, salientou o arquiteto.