Encontro re�ne 1.100 auditores em debate sobre leis trabalhistas
Enquanto a fiscalização do trabalho no Brasil ainda tem, entre os pontos mais críticos, a questão da mão-de-obra infantil e artifícios usados por empregadores para lesar os direitos trabalhistas, em países europeus o principal foco do trabalho de audi
Por | Edição do dia 05/11/2002 - Matéria atualizada em 05/11/2002 às 00h00
Enquanto a fiscalização do trabalho no Brasil ainda tem, entre os pontos mais críticos, a questão da mão-de-obra infantil e artifícios usados por empregadores para lesar os direitos trabalhistas, em países europeus o principal foco do trabalho de auditores e fiscais são as questões de segurança no trabalho e saúde do trabalhador, em função dos novos riscos que surgem com as novas formas de trabalho as chamadas lesões por esforço repetitivo. A comparação é feita pelo Inspetor do Trabalho e Seguridade Social da Espanha, Fernando Cardenal Alemany, que participa, em Maceió, do 20º Encontro Nacional dos Auditores do Trabalho, promovido pelo Sindicato Nacional dos Auditores do Trabalho e associação da categoria em Alagoas. O evento foi iniciado ontem, no Hotel Meliá, e reúne 1.100 participantes, que discutirão, até a próxima sexta-feira, legislação trabalhista, normas de proteção ao trabalho, segurança e saúde do trabalhador, trabalho escravo no Brasil, entre outros assuntos. Fernando Cardenal foi um dos palestrantes da tarde de ontem. Ele falou sobre A inspeção do trabalho nos países da Europa. A auditora-fiscal do Trabalho Vera Lúcia Amorim Jatobá falou sobre A inspeção do Trabalho na América Latina. Na opinião de Cardenal há muitos pontos semelhantes entre a legislação trabalhista em vigor nos países europeus e a legislação brasileira, embora haja problemas por aqui, que lá não são tão importantes porque já foram superados, como a questão do trabalho infantil. Como foi superado?, perguntamos nós. Foi um processo natural que tem a ver com o desenvolvimento econômico e a concorrência de mercado, responde ele. Trabalho infantil Segundo Cardenal, a elevação da idade mínima de 16 anos para o trabalho, junto com a competitividade de mercado, levou a uma exigência maior da escolaridade por parte dos próprios pais em relação aos filhos. Juntando-se a isso, o próprio desenvolvimento econômico gera um padrão de vida que elimina, por si só, a necessidade do trabalho infantil. Um dos aspectos positivos que ele destaca no Brasil é em relação aos portos e aquavias. Na Europa não existe setor dedicado à inspeção desse tipo de trabalho, enquanto no Brasil existe. Sobre a modalidade de contratos temporários de trabalho, Fernando Cardenal diz que considera positivo quando é voluntário, mas extremamente negativo quando acontece em conseqüência da falta de emprego. O encontro tem como tema principal A fiscalização do trabalho: garantia de um Brasil mais justo, que será tema de conferência nesta terça-feira, às 14h30. Há grande expectativa também em relação ao painel sobre Trabalho escravo no Brasil: uma chaga aberta, que acontece sexta-feira pela manhã.