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Nº 5822
Cidades

Onde est�o os documentos que poderiam levar a mandantes?

EDITORIA DE POLÍCIA A morte do vigilante Ebson Vasconcelos, o “Eto” reforça a tese de que foi a “gangue fardada” que executou o então coordenador-geral de Administração Tributária da Secretaria da Fazenda, Sílvio Vianna. Testemunha-chave da segunda fase

Por | Edição do dia 17/11/2002 - Matéria atualizada em 17/11/2002 às 00h00

EDITORIA DE POLÍCIA A morte do vigilante Ebson Vasconcelos, o “Eto” reforça a tese de que foi a “gangue fardada” que executou o então coordenador-geral de Administração Tributária da Secretaria da Fazenda, Sílvio Vianna. Testemunha-chave da segunda fase do processo, no qual atribui o assassinato de Vianna a um grupo comandado pelo ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, Eto teria sofrido uma espécie de vingança e não de queima de arquivo, visto que suas acusações já fazem parte dos autos. O crime confirma, segundo o ex-secretário de Defesa Social, Mário Pedro dos Santos, que “Eto” estava dizendo a verdade quando alegou inocência e apontou outro grupo de suspeitos. E mais, que por ter prestado tais declarações tinha assinado seu atestado de óbito. Ebson só permaneceu vivo enquanto estava recebendo custódia da Polícia Federal ou morando no Estado de São Paulo. Outra questão que voltou a ser levantada com a morte do vigilante, foi a autoria intelectual do assassinato de Sílvio Vianna. Quem seriam os mandantes? Pasta preta Ao ser emboscado e morto na tarde do dia 28 de outubro de 1996, no distrito de Ipioca, o tributarista levava consigo uma pasta de couro preta cujo conteúdo pode, ainda, ser a solução para o mistério de sua morte. Na pasta “secreta” de Vianna haviam 31 intimações, que exigiam de pessoas de influência no Estado o cumprimento de decisões judiciais sobre recolhimento de ICMS. Documentos que jamais foram tornados públicos e que não foram levados em consideração na primeira fase da apuração do crime. Estariam ali nomes de suspeitos, ou papelada de trabalho do servidor público graduado? A documentação está anexada ao processo sob a numeração de 564 a 595. A questão, até hoje, não foi respondida pelas autoridades alagoanas. O conteúdo da pasta de Sílvio Vianna deixou de fazer parte das investigações da polícia cerca de 30 dias após o início das diligências. Abandonada a linha investigativa, inicialmente traçada, os delegados que presidiam o inquérito passaram para uma segunda versão que incriminava o cabo PM Sandro Duarte, os fiscais de renda Arnaldo Perciano e Aluízio Tavares (falecido), além do agente fazendário Célio Viana. Foi então, que surgiu o nome de Ebson Vasconcelos como suspeito de fazer parte do grupo que matou Vianna. Arnaldo e Célio foram pronunciados pelo juiz Paulo Nunes, passando 14 meses presos, até que em sentença no mês de novembro de 1997 foi a decisão foi anulada pelo Tribunal de Justiça. O desembargador Geraldo Tenório Silveira entendeu que não havia no processo fundamentos para levar os réus a Júri Popular. Este ano, uma nova decisão judicial determinou que fossem levados a julgamento. Foi o delegado Mário Pedro dos Santos quem assumiu o comando da segunda fase de investigações. Apoiado por agentes e delegados da Polícia Federal, o ex-secretário de Defesa Social conseguiu convencer o vigilante Ebson Vasconcelos de que poderia dizer a verdade e ajudar a polícia a esclarecer o crime. Mandante oculto Num longo depoimento, “Eto” apontou o fazendeiro Fernando Fidélis, o ex-tenente Silva Filho e o ex-soldado Garibaldi Amorim como autores materiais do crime, que teria sido planejado pelo ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante. Dos quatro, somente Fernando Fidélis não está processado por envolvimento na gangue fardada. Ebson Vasconcelos, que tinha amizade com o grupo de militares, não conseguiu informar porém, quem foi o mandante e quais interesses haviam por trás do crime encomendado. Em declarações feitas na época da apuração do crime, o irmão de Sílvio, Sérgio Vianna, considerou curioso o fato do abandono da primeira linha de investigação que se pautava sobre a lista dos 31 empresários inadimplentes. Durante o sepultamento do seu irmão, inclusive, Sérgio Vianna foi abordado por um jornalista que lhe perguntou sobre a pasta de Sílvio. Na oportunidade ele explicou ter recebido um telefonema na véspera do atentado, no qual o irmão dizia que queria entregar-lhe documentos importantes. Ele revelou, também, que ouviu de fontes da Secretaria de Segurança que as investigações mudaram de rumo quando Eduardo Amaral, filho do ex-secretário de Segurança Pública, José de Azevedo Amaral – que era assessor do pai -, vazou informações para imprensa. Ainda segundo Sérgio Vianna, esse fato desencadeou um atrito na SSP, resultando no pedido de demissão de três delegados (Flávio Saraiva, Nilson Alcântara e Cícero Torres), em virtude de ingerência de Eduardo no órgão. A questão teria sido contornada, afirmou Sérgio, pelo próprio governador Divaldo Suruagy. Sérgio Vianna disse estar totalmente convencido de que o irmão foi morto por ter “peitado” poderosos, que além de não pagarem ICMS, querem ser ressarcidos por dívidas presumidas que o Estado teria com eles. Ele chegou a afirmar, na época, que seu “irmão lutava pela moralização do Fisco e pelo resgate da memória fiscal do acordo da cana. Estava munido de documentos, dados estatísticos e pesquisas com as quais pretendia arrecadar para os cofres do Estado pelo menos R$ 350 milhões de ICMS devido”.

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