A defensora pública Daniela Damasceno atua na 15ª Vara Criminal, especializada em tráfico de drogas, e já atuou numa infinidade de casos em que as mães de jovens infratores ingressam no submundo do tráfico na ilusão de ajudá-los. “Muitas mães, esposas e outras parentes têm medo dos traficantes fazerem alguma coisa contra os seus e são submetidos a levar a droga para o presídio. Às vezes, o filho ou o marido faz a coação para elas traficarem”, explica. A defensora explica que é preciso ter um ponto de vista abrangente da lei, observando o sofrimento da família, para atuar. “Já consegui absolver várias dessas mulheres porque provei que elas agiram sob coação”. A esmagadora maioria dos casos que chega às mãos de Daniela é de usuários que entraram no tráfico para financiar o consumo. Neste mundo distorcido, o traficante “bem-sucedido” passa a ser o grande modelo de vida para as crianças e adolescentes. “Já peguei um caso de um menino, cujo irmão era traficante. Ele viu aquele exemplo dentro de casa, o irmão ficava até um mês sem ir em casa e quando aparecia era com objetos novos, tênis e roupa de marca, celular, eletrodomésticos. Tem todo um status”, relata.