Moradores realizam protesto para garantir acesso � praia
Moradores do povoado Barra de Jequiá, no município de Jequiá da Praia, vão recorrer ao Ministério Público para continuar tendo acesso à Praia de Duas Barras, naquela localidade. Ontem, eles fizeram um protesto contra a proprietária de um imóvel que fe
Por | Edição do dia 29/11/2002 - Matéria atualizada em 29/11/2002 às 00h00
Moradores do povoado Barra de Jequiá, no município de Jequiá da Praia, vão recorrer ao Ministério Público para continuar tendo acesso à Praia de Duas Barras, naquela localidade. Ontem, eles fizeram um protesto contra a proprietária de um imóvel que fechou a estrada que usam desde a fundação do povoado. O que está acontecendo aqui é uma violência contra o povo, reclama a vereadora Lúcia Sarmento, condenando o fechamento da estrada por onde os moradores de Barra de Jequiá costumam chegar à praia. Ela diz que a decisão da proprietária, sra. Marta Sampaio, traz sérios prejuízos à já combalida economia do povoado. Duas Barras é ponto de atração turística. Lá funcionam pousadas e restaurantes que costumam lotar nos fins de semana e durante todo o verão. O povoado Barra do Jequiá é também área de veraneio, onde muita gente vinda de Maceió e outros municípios costumam descansar nos fins de semana. Sem essa passagem, vamos ficar presos em casa, pois ir à praia é o único lazer do povoado, diz o advogado José Antonio Nascimento, veranista, condenando o fechamento da rua. Desde que o povoado surgiu que usamos esse caminho, argumenta Denise Ramalho, moradora. Ela disse ainda que a proprietária do imóvel está impedindo até que a população vá à praia, seja para se divertir seja para comercializar. Muitos garantem a sobrevivência vendendo lanche, refrigerantes e doces para os visitantes, reforça Rosemare Miguel, que também reside em Barra do Jequiá. ### Fechamento de rua prejudica 400 famílias Com cerca de 400 famílias, o povoado Barra de Jequiá está economicamente falido. A avaliação é da vereadora Lúcia Sarmento, uma das organizadoras do movimento contra o fechamento da rua que dá acesso à praia de Duas Barras. Segundo ela, 80% da população é composta de pescadores que, com a poluição do Rio Jequiá, não tem de onde tirar o sustento. A pesca acabou em conseqüência da poluição do rio, provocada pela tiborna das usinas, denuncia Lúcia Sarmento. Em conseqüência, acrescenta a vereadora, os pescadores estão submetidos a uma pobreza crescente. A opção atual dos moradores é o comércio ambulante nos fins de semana, quando a praia de Duas Barras é invadida por turistas. Mas essa opção, reclama James Damasceno, morador da localidade, está suspensa há cerca de 15 dias com o fechamento do acesso à praia. Estamos senso tratados como animais, reclama Ivanildo Ramalho, presidente da Associação dos Moradores. Ele diz que a proprietária Marta Sampaio construiu uma espécie de curral, por onde a comunidade está sendo obrigada a passar. Só que, reclama ele, o caminho é por dentro do rio, num trecho que se torna intrafegável em dias de maré alta. A proprietária, denuncia James Damasceno, cortou uma área de manguezal, fato denunciado ao Instituto do Meio Ambiente (IMA/Alagoas). O que ela está fazendo é inconstitucional. A área, além de ser rua, é propriedade da Marinha, não pode ser privatizada, acrescenta. A comunidade não tem como pagar os R$ 10,00 cobrados de quem atravessa o rio num barco de aluguel.