Queda do PIB eleva �ndice de mis�ria em Alagoas
ROBERTO VILANOVA Os números da economia alagoana, em declínio nos três setores de atividade primário, secundário e terciário alimentam a pobreza, expandem a miséria e projeta a exclusão social para além do controle do governo. De acordo com o último b
Por | Edição do dia 01/12/2002 - Matéria atualizada em 01/12/2002 às 00h00
ROBERTO VILANOVA Os números da economia alagoana, em declínio nos três setores de atividade primário, secundário e terciário alimentam a pobreza, expandem a miséria e projeta a exclusão social para além do controle do governo. De acordo com o último boletim emitido pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste Sudene - apesar dos piores índices terem sido registrados em 1995, a recuperação até agora deixa Alagoas abaixo dos índices registrados em 1970. No setor primário, ou seja, agricultura e pecuária, os índices de participação no Produto Interno Bruto PIB do Estado foram de 25,58% contra 17,66 registrados em 1998 e 10,68% registrados em 1995. No setor secundário ou seja, na indústria, o índice de participação no PIB foi de 27,91% em 1970, contra 22,60% em 1998 e 25,10% em 1995. No setor terciário, ou seja, serviços, o índice em 1970 foi de 46,51%, subindo para 59,74% em 1998, mas esse percentual é inferior ao registrado em 1995, quando foi contabilizada a participação do setor de serviços na ordem de 64,22% do PIB, o maior desde 1970. A exclusão Os números da Sudene mostram também que a recuperação da economia alagoana está sendo lenta, comparando-se com os saltos registrados entre 1970 e 75, período considerado como o mais próspero para a indústria alagoana. O economista Cícero Péricles, professor da Universidade Federal de Alagoas Ufal - explicou que, nesse período, se registrou a expansão do setor sucroalcooleiro do Estado, com o Programa Nacional do Álcool Proalcool. Hoje não é mais possível alcançar esse pique porque o setor sucroalcooleiro atingiu o seu limite de expansão, ou seja, não pode mais se expandir horizontalmente, explicou o professor, Ph.D em Economia e autor de vários livros sobre o comportamento da economia alagoana na década. Para ele, a década de 1990 foi perdida para Alagoas e a única chance de o Estado recuperar a sua economia é se obtiver a ajuda do governo federal. Eu digo que Alagoas é um problema do governo federal, acrescentou. O economista destaca também o programa do próximo governo federal, que prometeu dar ênfase ao combate à fome, salientando que está aí a grande oportunidade de o governo alagoano apresentar projetos para resolver os graves problemas sociais do Estado. Pelos dados de que dispomos, a fome atinge a 1,5 milhão de alagoanos, destacou. O programa de combate à fome foi a ênfase do então candidato Lula que o economista acredita que será colocado em prática. Emprego e Renda Acompanhando o raciocínio do economista, mas discordando apenas quanto à dependência do Estado para resolver os seus problemas através da ajuda federal, o industrial José Carlos Maranhão disse, em entrevista recente à GAZETA, que o setor sucroalcooleiro não tem mais como se expandir, a não ser pela produtividade. Mas assegurou que Alagoas tem condições de resolver os seus problemas, sem precisar do governo federal. Se você não tem condições de resolver os seus problemas, então estará perdido. Não quero polemizar, muitos amigos meus acreditam que só com a ajuda do governo federal Alagoas pode retomar o crescimento econômico, mas eu penso diferente, completou. O industrial defende que, para gerar emprego e renda, Alagoas precisa apenas colocar em prática a Lei de Incentivos Fiscais, que ele considera boa. Não precisamos de leis, não precisamos de nova legislação, porque a que temos é excelente, digo até muito boa. O que precisamos é colocar em prática essa legislação, disse José Carlos Maranhão, apontando como causa do entrave à aplicação da lei os desencontros existentes entre o pessoal da tributação e os técnicos da Secretaria da Indústria e Comércio. Resolvido isso...