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Nº 5822
Cidades

Pastoral salva crian�as e governo leva a fama

ROBERTO VILANOVA São José da Tapera – Graças ao trabalho desenvolvido pela Igreja Católica, através da Pastoral da Criança, e de uma Organização Não-Governamental (ONG), internacional, o município já não é o mais miserável do país, mas não se distanc

Por | Edição do dia 01/12/2002 - Matéria atualizada em 01/12/2002 às 00h00

ROBERTO VILANOVA São José da Tapera – Graças ao trabalho desenvolvido pela Igreja Católica, através da Pastoral da Criança, e de uma Organização Não-Governamental (ONG), internacional, o município já não é o mais miserável do país, mas não se distanciou muito como alardeiam os políticos. Em São José da Tapera, a 250 quilômetros de Maceió, ainda morrem 42 crianças por cada mil nascimentos e a fome crônica também mata os adultos, que vivem de pedir esmolas. O desmentido de tudo o que se divulgou sobre o município, como propaganda oficial, está à disposição dos alagoanos cinco quilômetros à margem da rodovia que liga Tapera ao entroncamento para Delmiro Gouveia, Xingó e Piranhas. Lá está localizado o povoado Caboclo, onde setenta crianças que eram assistidas pela creche municipal hoje mendigam pelas ruas, sujas e raquíticas. A creche foi fechada há um ano e hoje, no local, funciona um bar e o alojamento dos peões que trabalham nas obras da prefeitura. A miséria A creche foi construída há onze anos e funcionou até dezembro do ano passado. O funcionário da prefeitura, demitido, Metódio Rodrigues dos Santos, lembra com revolta o tempo em que setenta crianças eram alimentadas diariamente. “Hoje essas crianças estão perambulando pelas ruas, pedindo de porta em porta, e nós, que somos uma comunidade pobre, não podemos ajudar. O que recebemos mal dar para sustentar a família. O fechamento da creche foi um crime contra essas crianças”, desabafou. Assessores do prefeito culpam a Justiça do Trabalho, que invalidou os contratos de trabalho firmados a partir de 1987, sem concurso público, pelo fechamento da creche; os funcionários demitidos culpam a prefeitura, que vem protelando a realização do concurso público. No jogo de empurra quem saiu perdendo foram as setenta crianças, a maioria com idade inferior a quatro anos, que sobrevivem da caridade uma população que já precisa de ajuda. “Não há emprego para ninguém. Essas crianças vêm todos os dias pela manhã pedindo pão para comer. E dói não poder atender a todas elas”, disse Metódio. Internacional Embora o poder público federal, estadual e municipal tente tirar proveito político da situação, divulgando ações sociais e assumindo a paternidade dos programas de assistência social na região, a verdade é que as melhoras registradas nos índices de mortalidade infantil se devem exclusivamente à Pastoral da Criança e às doações da ONG internacional formada por chineses capitalistas, italianos, alemães, franceses e holandeses. Todas as cisternas construídas na zona rural de Tapera, principalmente no povoado Caboclo, são obras da ONG. Já a Pastoral da Criança, projeto da Igreja Católica, vem recuperando as crianças desnutridas e prevenindo as doenças advindas da desnutrição e da falta de higiene com a água. A Pastoral distribui a multimistura, alimentação simples e milagrosa que aproveita as folhas de tubercules e a casca do ovo como base alimentar. As folhas da mandioca, que antes iam para o lixo, hoje são aproveitadas na produção de sopas. Esse é o quadro da degradação no chamado triângulo da miséria em Alagoas, que reúne os municípios de São José da Tapera, Carneiros e Rui Palmeira. A situação é dramática também em outros municípios, mas nesses três, visados devido à constatação do Unicef sobre o elevado índice de óbito infantil – era mais de 100 por mil nascimentos.

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