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sexta-feira, 28/02/2025 | Ano | Nº 5914
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Hist�rias de medo, sobressalto e solidariedade

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Manoel, Henrique, Maria do Ó e muitas outras pessoas são personagens de histórias onde o medo, o sobressalto e a solidariedade se misturam. Como vários moradores da região eles já viveram de perto o pavor de ver o fogo se aproximar, ameaçador, sem saber o que fazer. Por se tratar de uma área rural, a comunicação é difícil, exceto por alguns poucos que têm telefone celular a acionam o Corpo de Bombeiros. “Outro dia, o fogo chegou pertinho da minha casa. Ia saindo para trabalhar e voltei apavorada quando vi o fogo. Meus dois filhos pequenos estavam em casa. Peguei eles e sai correndo pela pista. Fiquei mais apavorada quando vi que ia passando um carro de gás. Tenho medo de deixar meus filhos em casa e encontrá-los sufocados pela fumaça, ainda bem que tenho uma vizinha que cuida deles”, relata Maria do Ó. A vizinha é Terezinha dos Santos, que mora num casebre coberto de palha, sob constante ameaça de incêndio. “Tenho medo de acordar debaixo do fogo. Deixo no terreiro, toda noite, um bocado de galho de mato para apagar o fogo e evitar que chegue até nossa casa. Tem noites que não consigo dormir. Quando saio, levo todos os documentos, porque não sei se vou encontrar a casa em pé quando voltar”, diz ela. O maior susto foi há cerca de um mês. O fogo começou por volta de 9 horas e só foi controlado à noite, com a ajuda do Corpo de Bombeiros, acionado pelo pessoal do posto de gasolina, que foi ameaçado. “As labaredas e a fumaça assustavam. Houve um engarrafamento que nunca vimos por aqui. O pessoal da churrascaria (em frente ao posto), teve de sair correndo”, afirma José Newton, que tem uma borracharia no local. Ele e os vizinhos já estão acostumados a se unir para vencer os incêndios, enquanto os bombeiros não chegam. Para isso, contam com alguns instrumentos fundamentais: uma mangueira de 40 metros adquirida pelo pessoal do posto; aceiros (caminhos desmatados que evitam a passagem do fogo) e a solidariedade na hora do aperto. Trotes de mau gosto Para combater o fogo na Grande Maceió o Corpo de Bombeiros conta com apenas três viaturas, que dificilmente conseguem ficar paradas. Uma que atua no combate aos pequenos focos, com capacidade para 800 litros de água, uma de 4.000 litros, que cobre a região do Tabuleiro, e outra de grande porte, com capacidade para 10 mil litros de água, acionada quando o foco é de grandes proporções. Com esses parcos instrumentos, os bombeiros têm feito o que podem para atender à demanda. E o que não podem também. Graças a uma parcela de pessoas que não tem consciência sobre a gravidade da questão, eles muitas vezes se deslocam para atender chamadas de falsas ocorrências. Os trotes acontecem todos os dias. Basta passar meia hora na sala onde ficam os telefones para perceber. Dos chamados que chegam minuto a minuto, 80% são trotes. Alguns são facilmente identificados. Outros obrigam os bombeiros a deslocamentos desnecessários, gastando combustível e o precioso tempo, que poderia estar sendo usado no combate a um incêndio verdadeiro. “Acontece muito de termos de optar para onde devemos correr primeiro. E já aconteceu de deixarmos de atuar no combate a um incêndio de verdade porque caímos num trote. Isso não tem a menor graça. Se as pessoas soubessem a gravidade desse ato, jamais fariam isso”, destaca um bombeiro.

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