Cidades
Igreja vive tempo de convers�o - Parte II

Por que a Igreja, no Brasil, está falando tanto sobre os índios, neste ano? Há mais de trinta anos, a Igreja, no Brasil, por ocasião do tempo litúrgico da Quaresma, desenvolve a Campanha da Fraternidade. A Campanha procura refletir uma questão importantíssima do nosso Brasil. Neste ano, a CF visa promover, nos governantes e em todos os brasileiros, uma maior solidariedade para com os povos indígenas e resgatar a dívida social que temos para com os primeiros habitantes do nosso país. Estudando questões cruciais da realidade nacional, a Igreja nos convida à conversão das pessoas, da sociedade e da Igreja, para a vivência evangélica da solidariedade, da justiça, do respeito e da partilha. O texto-base da Campanha nos chama a atenção para reconhecermos que temos muito a aprender com os povos indígenas. Nas comunidades dos índios, a organização social visa assegurar os direitos de todos os seus membros, e não apenas o privilégio de alguns. Nelas, afirma dom Aparecido José Dias, bispo de Roraima, o coletivo prevalece sobre os interesses particulares, bem diferente do que ocorre em nossa sociedade. A CF 2002 nos motiva a rever o que aprendemos sobre os índios. A romper com a visão que classifica esses povos como inferiores, primitivos, violentos. A colaborar com a divulgação de informações verdadeiras, que contribuam para a superação dos preconceitos, principalmente nas escolas. A apoiar as lutas dos povos indígenas pela demarcação e garantia de suas terras, por educação escolar que respeite e valorize a educação indígena, por assistência à saúde e pela preservação do meio ambiente. Assim nos ensina o texto-base da CF. E a respeito do documento sobre as eleições 2002, que diz o senhor? Sabemos que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil publicou um documento com orientações para suas comunidades, a respeito do processo eleitoral de 2002. Trata-se de um texto que servirá de base e fonte de consulta para as comunidades elaborarem suas cartilhas. É bom salientar que a CNBB destaca três eixos que deverão ser assumidos pelos candidatos: erradicação da fome: respeito aos direitos humanos; desenvolvimento sustentável. Desses eixos vão emergir as metas concretas que deverão ser cobradas dos candidatos. O documento aponta as seguintes metas: comportamento ético, compromisso com a distribuição de renda, reforma agrária, geração de emprego, superação da fome e da miséria, auditoria das dívidas externa e interna, revisão dos acordos com o FMI e solução para o Semi-árido. ?Perita em humanidade?, a Igreja é admirável na sua pedagogia. Ela percebe sua missão própria nesses processos de transformação da sociedade. Sabe que não lhe compete planejá-los nem executá-los, mas assumir os valores que comportam e que ajudam os mais conscientes, no empenho pelas transformações necessárias. Sabe que deve animar os que constituem, de certo modo, a ponta-de-lança, a vanguarda da humanidade, no esforço de promover, graças a seus sucessivos projetos, uma civilização da liberdade, da justiça, da verdadeira cultura, uma civilização do amor. É verdade que a Semana Nacional de Catequese, no ano passado, convocou os educadores da fé para a prioridade da catequese com adultos? A 2ª Semana Brasileira de Catequese, em Itaici, de 8 a 12 de outubro de 2001, tomou como prioridade a Catequese com os adultos. Assumir a catequese com adultos não significa abandonar a catequese da infância e dos adolescentes. Mas, queremos ser uma Igreja renovada e adulta, que responda aos anseios e buscas do mundo de hoje, pois ?são os adultos que assumem mais, na sociedade e na Igreja, as instâncias decisórias e que favorecem ou dificultam a vida comunitária, a justiça e a fraternidade?. O padre J. B. Libânio afirma que, ao lado de movimentos de leigos, cujo interesse quase exclusivo gira em torno da espiritualidade emocional e pouco teológica, há inúmeros grupos de vida cristã, que estão a surgir e desejam partilhar sua fé pelo estudo ?do ensinamento dos apóstolos? no espírito da comunidade e dos Atos (At. 2,42). Assim, é necessário que nos voltemos, de modo especial, para a educação da fé dos adultos, a partir das experiências humanas, carregadas de densidade existencial: dor, sofrimento, morte, angústia, vazio existencial, etc. A catequese com adultos traz, para a caminhada solitária do homem, a Palavra de Deus que lhe ilumina as duas noites fundamentais do ontem e do amanhã, revelando que, antes de sua existência, estava a comunhão da Trindade e, no final, está essa mesma comunhão?.