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Nº 5759
Cidades

Alagoas tem mais de 128 mil casas sem sanit�rio

WELLINGTON SANTOS Dados recentes fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos ao censo 2000 mostram que Alagoas tem 128.242 domicílios que não dispõem nem de banheiro nem de sanitário do total de 649.365 existentes n

Por | Edição do dia 03/03/2002 - Matéria atualizada em 03/03/2002 às 00h00

WELLINGTON SANTOS Dados recentes fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos ao censo 2000 mostram que Alagoas tem 128.242 domicílios que não dispõem nem de banheiro nem de sanitário do total de 649.365 existentes no Estado. E também ocupa o 4º lugar no Nordeste entre os que jogam fezes e urina no rio, mar ou lago. De acordo com os especialistas, esse fato coloca em xeque a saúde da população e do meio ambiente, gerando doenças como cólera, filariose e altos índices de coliformes fecais na água e nos alimentos. Outros fatores apontados pelos estudiosos como causa desse risco são o empobrecimento da população e a falta de uma política nacional de saneamento. A pesquisa considerou como banheiro o cômodo que dispunha de chuveiro ou banheira e aparelho sanitário. E apenas como sanitário o local ilimitado por paredes de qualquer material, coberto ou não por um teto, que dispunha de aparelho sanitário ou buraco para dejeções. Foram pesquisados 649.365 domicílios, dos quais 521.123 com banheiro ou sanitário e 128.242 sem nenhum dos dois itens. “O assunto é muito grave porque só o fato de não se ter o saneamento básico já representa um grande vetor de proliferação de doenças infecto-contagiosas, principalmente aquelas advindas dos coliformes fecais”, alerta o consultor ambiental Alder Flores. Ele acrescenta que a difusão pode vir de várias maneiras, fundamentalmente pela contaminação de gêneros alimentícios, da água e do contato primário. Flores frisa que um esgoto bruto lançado diretamente nos cursos da água causa risco potencial ao hábitat aquático, diminuindo o oxigênio dissolvido causando a contaminação da cadeia alimentar por bioacumulação (acúmulo de bactéria). Segundo o ambientalista, o risco aumenta quando esses esgotos são lançados em cisternas confinadas como em baías, lagos, afetando as áreas de lazer e de pesca. Em relação ao solo, Alder Flores afirmou que a contaminação deles por substâncias tóxicas ou patogênicas causa problema diretamente no hábitat da fauna, flora ou para as pessoas quando em contato direto com essas substâncias. “O governo brasileiro deveria fazer reuniões por regiões no sentido de se avaliar qualidade ambiental do Nordeste, Sudeste, Sul e outras para, a partir daí, fazer-se um amplo documento sobre a qualidade de vida das pessoas, que esse sim é o maior bem ambiental que existe”, salienta Alder e completa: “Vários estudos mostram que um dos maiores problemas ambientais do Brasil é a falta de saneamento básico e definir como prioridade a questão da infra-estrutura urbana”. Um outro risco que a falta de saneamento traz é a contaminação dos lençóis freáticos (águas subterrâneas). que, segundo o ambientalista, traz poluição para cacimbas, cisternas que não recebem o tratamento adequado. “A população muitas vezes utiliza essa água sem saber que está usando grandes índices de coliformes fecais. Poços artesianos perto de fossas sépticas, tudo isso é fator de poluição aos recursos hídricos” – alerta. A médica Edijane Almeida, coordenadora de Saneamento do Município, destacou que as principais doenças decorrentes da falta de saneamento estão intrinsecamente relacionadas à degradação ambiental por falta de ações de saneamento. “A cólera e a filariose são as principais no que tange a esse aspecto”. Emissário O diretor de operações da Companhia de Abastecimento e Saneamento do Estado de Alagoas (Casal), Walace Padilha, salientou que todo o problema decorrente da questão da água e de esgotos e drenagem tem a ver com a falta de uma macropolítica de saneamento, vontade política e a exclusão social a que estão submetidas essas pessoas desprovidas de um simples sanitário. Investimento “É necessário um alto investimento, porque um sistema de saneamento tem um custo muito elevado, é uma obra muito cara. Então é preciso vontade política para investir. Temos o exemplo do Emissário Submarino que foi construído para esgotar toda Maceió, mas hoje só funciona com um quarto de sua capacidade, mas, por falta de estrutura das redes coletoras de esgotos dos bairros, funciona apenas com cerca de vinte e cinco por cento” –, ressalta Padilha. Ele afirmou que o emissário abrange os bairros de Jatiúca, Ponta Verde, Pajuçara, Jaraguá, Poço, Centro e parte do bairro do Farol. O bairro do Benedito Bentes possui uma estação de tratamento própria, e o Programa de Ação Social e Saneamento (Prosege) deverá atender a bacia lagunar, abrangendo os bairros do Trapiche, Vergel, Ponta Grossa, Levada e Bebedouro. A Casal, no que se refere a esgotamento sanitário, só atende o equivalente a 13, 70% somando-se Capital e Interior. Em Maceió, para uma população urbana de 820.990 habitantes, a empresa atende 225.590, correspondendo ao percentual de 27,5%. No Interior, para 870. 427 habitantes, somente 6.124 têm atendimento de esgotamento sanitário, o que corresponde a 0,7%. Walace explicou que se deve entender por saneamento a água tratada para a população para beber, banho e alimentação; a coleta, que é o esgotamento sanitário para tratamento de lixo e a drenagem, que evita as enchentes, e, por vezes, causam muitos problemas com as águas que carregam todo tipo de lixo e esgoto bruto, acarretando sérios riscos à população.

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