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Nº 5759
Cidades

Trabalho ao sol � amea�ador para grupo

A exposição ao sol é fulminante. Todos os albinos adultos de Filus já contraíram câncer de pele, dois deles morreram, até crianças já fizeram cirurgias para retirada de tumor. Eles sabem que os raios ultravioleta podem matar, mas não conseguem evitá-los.

Por | Edição do dia 02/08/2015 - Matéria atualizada em 02/08/2015 às 00h00

A exposição ao sol é fulminante. Todos os albinos adultos de Filus já contraíram câncer de pele, dois deles morreram, até crianças já fizeram cirurgias para retirada de tumor. Eles sabem que os raios ultravioleta podem matar, mas não conseguem evitá-los. Orientada por uma dermatologista a procurar sempre uma sombra, Cleonice Isabel da Silva fez uma pergunta simples: “Mas qual o agricultor que trabalha na sombra, doutora?”. Lá no Filus é assim, todos os albinos trabalham na roça, principalmente com banana, milho, macaxeira e feijão. Com 37 anos, 1 filho pequeno, sem marido , pai ou mãe, Cleonice só conta com o Bolsa Família e o trabalho de enxada ou foice para sobreviver. “Até o mês passado, eu trabalhei cortando capim e plantando, debaixo de sol, todo dia”. A labuta de 6h às 11h lhe rendia uma diária de R$ 30. O protetor solar deve ter o fator 50. É caro, custaria R$ 100 por mês. Como nem Estado ou prefeitura fornecem, eles dependem de uma ONG da Indonésia, a SOS Global, que fornece os protetores em parceria com o Instituto Irmãos Quilombolas de Santana do Mundaú. Duas vezes por ano, as ONGs também levam todos os adultos para o ambulatório de oncologia do Hospital Universitário (H.U.) em Maceió, cujo trabalho está salvando vidas. A secretária de Saúde de Santana do Mundaú, Silvana de França, acompanha a comunidade de perto desde quando exercia a função de enfermeira do Programa de Saúde da Família. Para ela, o desafio em atender a essa comunidade quilombola tão peculiar está além da ciência. É cultural, é preciso ter uma interação com eles para garantir que haja um atendimento a médio e longo prazo.

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