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Comandante do 59� BIMtz quer manter parcerias

FÁBIA ASSUMPÇÃO O tenente-coronel de Infantaria, Milton Sils de Andrade Júnior, assumiu, há pouco mais de uma semana, o Comando do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMTZ), encarando a nova missão que o Exército Brasileiro lhe atribui com bastante otimismo. Ao ser nomeado para o cargo, Milton Sils estava desempenhando a função de instrutor-chefe da Seção de Instrução Especial (SIESP) da Academia Militar das Agulhas Negras, sediada em Resende, no Rio de Janeiro. Desde que entrou nas fileiras do Exército, em 3 de março de 1975, esse paulista de Pirassununga cumpriu diversas missões, inclusive na área internacional. Foi observador das Nações Unidas na Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e El Salvador. Em entrevista à GAZETA, ele fala de seus planos e perspectivas à frente do Comando do 59?º BIMTZ. Milton Sils acredita que as dificuldades que o Exército enfrentou, no ano passado, por causa dos cortes no Orçamento, que o obrigou a liberar mais cedo seus recrutas, já estão sendo superadas. E anuncia a incorporação de 250 novos recrutas ao 59º BIMTz a partir do dia 3 de março. Nós nunca encaramos nada com pessimismo. Encaramos todas as dificuldades como desafio, afirma Milton Sils. Ele garante também que o Exército estará pronto a apoiar as ações do governo federal, caso seja convocado, a exemplo da fiscalização de distribuição de água no Sertão. Sobre assuntos polêmicos, como a Reforma da Previdência e a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele prefere deixar que o Comando do Exército se pronuncie sobre essas questões. +++ GAZETA - Quais os planos do senhor para os próximos dois anos no comando do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMTZ)? Ten-cel Milton Sils - Acredito que não teria melhor plano do que manter os excelentes contatos de parceria que nós já temos. O Batalhão Hermes da Fonseca é uma unidade tradicional e nós mantemos esse vínculo sempre aceso, da melhor forma possível. Acredito que este é o melhor plano que poderia estabelecer para o batalhão. GAZETA - E com quem são essas parcerias que o Exército mantém hoje? Ten-cel Milton Sils - Com os órgãos de segurança pública, com o governo estadual, com o governo municipal. Ou seja, cumprimos nossa missão constitucional. Nós somos uma representatividade do povo brasileiro, da comunidade. Então essa integração, essa situação de abrirmos as portas dos quartéis para a sociedade, bem como mantermos um excelente relacionamento com as autoridades civis, são as metas que queremos cumprir nos próximos dois anos. GAZETA - O Exército sempre participou de iniciativas em prol da comunidade, como o combate à dengue, a distribuição de água no Sertão. O Exército continuará dando apoio a essas ações? Ten-cel Milton Sils - No Exército nós temos duas faces: o Braço Forte e a Mão Amiga. Nessas atividades que você cita é nosso lado Mão Amiga, que apóia a comunidade juntamente com a Secretaria de Saúde para o combate à dengue, bem como o combate à seca. Sem dúvida, o Exército já está apoiando o governo federal no que concerne às estradas, com o Batalhão de Engenharia e Construção. Eu acredito, com a experiência anterior da Operação Pipa DÁgua, que é possível que alguns municípios de Alagoas sejam contemplados com esses recursos federais. E o Batalhão, por sua vez, se for solicitado pelo governo federal vai participar, como já participamos. O que nós sabemos é que nossa participação obteve um sucesso muito bom, porque a água chegou a vários pontos. Nós estamos em condições, de uma vez solicitados, apoiar essas ações com o nosso engajamento, nosso apoio logístico e nossa fiscalização. GAZETA - Como o Exército pode dar apoio ao programa de combate à fome lançado pelo presidente Lula, o Fome Zero? Ten-cel Milton Sils - Como apoiar essas atividades já seria uma decisão do Comando do Exército em Brasília. Sem dúvida, será um pedido através do governo federal, do presidente Lula ao comandante do Exército, general Albuquerque, como seriam feitas e estabelecer essas metas. Eu acredito que no estado de Alagoas seria através dessa Operação Pipa DÁgua. Eu vejo dessa forma. Agora, outras formas de apoiar, realmente, será através do governo federal. Atualmente, o Exército participa do Fome Zero quando assume a missão de pavimentar estradas, que não deixa de ser uma forma com que chegue os caminhões, os suprimentos nesses locais. Então, especificamente sobre o Fome Zero ainda não recebemos nada. Mas, sem dúvida, o Exército nos informará oportunamente caso haja outra forma de emprego da Forças Armadas. GAZETA - No ano passado, o governo federal estabeleceu cortes no orçamento das Forças Armadas, obrigando a liberação mais cedo dos recrutas do Exército. Isso dificulta as ações que o Exército pretende desenvolver? Ten-cel Milton Sils - É uma decisão federal, uma contenção que levou o Comando do Exército a liberar os recrutas mais cedo. Toda vez que há uma diminuição dos recrutas os recursos humanos são menores, existe uma dificuldade de desenvolver as atividades normais. Obviamente se precisamos de 150 e só temos 50, cada um fará por dois, esse é nosso lema. Mas nós não podemos deixar de esquecer que sofremos as conseqüências das prioridades do País. Então para nós, como afirmou o ex-comandante do 59º BIMTZ, coronel Albérico, no ano passado, dois fará o que cada um faria. Nós nunca encaramos nada com pessimismo, encaramos todas as dificuldades como desafios. Acreditamos que esse ano será melhor. No dia 3 de março, nós estaremos fazendo a incorporação de 250 recrutas, ou seja, estamos vivendo aquela fase que o orçamento voltou à normalidade e estamos esperançosos que isso se mantenha. Estamos voltando ao mesmo número de recrutas que tínhamos antes dos cortes no orçamento. GAZETA - Os militares estão envolvidos nessa polêmica sobre a Reforma da Previdência. O senhor acha que os militares têm que ser tratados de forma diferente dos servidores civis? Ten-cel Milton Sils - É muito complexa a questão da Previdência. É um problema que, sem dúvida, o comando do Exército em Brasília vai se pronunciar. Vai ser feito este estudo, porque está previsto também na Constituição. E acredito também que deve ter havido algum estudo nesse sentido. Aliás, tenho certeza que deve ter havido algum estudo. Agora se será mantido ou não, sem dúvida, vai ser fruto de um novo estudo sobre essa situação, pois a Constituição é de 88. Nós ficamos naquela situação sempre de aguardar esse estudo e de como será no futuro. GAZETA - Como o senhor está vendo a condução da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Ten-cel Milton Sils - Acredito que ele esteja assessorado daqueles que se julgam capazes de sua confiança. Eu não tenho condições de dar uma opinião sobre essa questão. GAZETA - Quais suas expectativas nesses próximos dois anos à frente do 59º BIMTz? Tnm-cel Milton Sils - Falei aos nossos oficiais e sargentos que temos um excelente batalhão. É um batalhão que tem história, participou desde a 2ª Guerra de diversos eventos históricos de nosso País. É um batalhão cujos ex-soldados, ex-cabos e ex-tenentes são hoje autoridades. Então eu não tenho dúvida de que essa capacidade nossa, de continuar formando os cidadãos de Alagoas, vai continuar sendo feita da melhor forma possível. Minha expectativa é de que a gente realmente mantenha essas tradições de ter os militares nas forças de representatividade do povo alagoano, mantendo-a em alto nível. (MFA)