Recupera��o requer apoio da comunidade
Um pensamento do escritor Eduardo Galeano pode sintetizar a essência do trabalho de recuperação de nascentes do Renas-Ser. Pessoas simples, fazendo coisas pequenas, podem mudar o mundo. É uma frase quase sempre citada pelos integrantes do projeto, junto
Por | Edição do dia 23/08/2015 - Matéria atualizada em 23/08/2015 às 00h00
Um pensamento do escritor Eduardo Galeano pode sintetizar a essência do trabalho de recuperação de nascentes do Renas-Ser. Pessoas simples, fazendo coisas pequenas, podem mudar o mundo. É uma frase quase sempre citada pelos integrantes do projeto, junto com outra do professor Paulo Freire: Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes. Com base nessa filosofia de vida e na sabedoria popular, a coordenadora do Renas-Ser, Maria do Carmo Vieira, destaca que a nascente é um filete de água e a convivência com o semiárido é um aprendizado de luta, de sobrevivência e de solidariedade. Para recuperar uma nascente, não é só ir lá e recuperar, tem que trabalhar a população, a consciência ambiental, o imaginário para que eles sintam o pertencimento. Senão não adianta. Todos participam de um levantamento minucioso, que inclui um cadastramento, uma planilha com todas as informações, se a nascente está suja, coloração da água, se está cercada, se animais pisoteiam, se o homem já fez alguma interferência e por aí vai. Um dos critérios para a recuperação é verificar se a nascente está em bom estado. Dessas 716 que catalogamos, tem muitas que estão fraquinhas e talvez não valha a pena recuperar, pode ser que ela seque. Maria do Carmo afirma que as culminâncias e as apresentações dos projetos foram experiências maravilhosas. A gente também fez caravanas, no Dia da Árvore, no Dia da Mata Atlântica etc.. Após a participação popular, um técnico agrícola cedido pela prefeitura aponta as características das nascentes e mostra as que estão aptas a ser recuperadas. A partir daí, as comunidades se reúnem para tomar a decisão de qual será contemplada. Há critério técnicos e sociais, às vezes o proprietário da terra pode não permitir o acesso, explica Maria. Para ela, os pontos fortes foram o aceite das comunidades, com muita participação, e o engajamento das crianças. Finalmente agora essas comunidades têm 55 nascentes recuperadas, com água que desce pela gravidade e chega numa caixa dágua pura, limpa, onde eles podem beber e dar aos animais.