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Nº 5759
Cidades

Alian�a que torna a vida sustent�vel

A água evapora e o vento sussurra: nascente corre perigo. Chama a Iara, acode que não tem mais onça para assustar invasor. Um filete brota na pedra quente e faz “tsssss” na terra esturricada. É o choro do Negro d’Água que veio ver o tesouro debaixo do chã

Por | Edição do dia 30/08/2015 - Matéria atualizada em 30/08/2015 às 00h00

A água evapora e o vento sussurra: nascente corre perigo. Chama a Iara, acode que não tem mais onça para assustar invasor. Um filete brota na pedra quente e faz “tsssss” na terra esturricada. É o choro do Negro d’Água que veio ver o tesouro debaixo do chão. O cientista chama de lençol freático, nome engraçado. Por riba dele, o povo tem sede. Bem empregado? Não, de jeito e maneira. Manda vir o Sapo Popó que a fonte pode secar. Besouro, grilo, formiga, menino e velha, doutor e roceiro, todos têm que fazer alguma coisa. Sem nascente, a vida morre. Ao grito de socorro vem ajuda mútua. Das lendas ao imaginário popular, da necessidade à educação ambiental, do ideal à ação prática, a aliança com a mãe natureza faz os caçadores de nascentes. O que seria dos rios sem elas? É preciso ouvi-las, o chamado pode ser a gota d’água de um regato em extinção. Caçar para encontrar e salvar. Alagoas tem um Programa de Recuperação de Nascentes pioneiro que mantém líquidas cerca de 400 fontes em todo o Estado. O coordenador do programa da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Adolfo Barbosa, afirma que a melhor salvação é cercar a área para isolar o olho d’água. Sozinho, sem ninguém maltratá-lo, ele se recompõe por natureza. “A gente tem a vida como prioridade, e a nossa maior causa é ambiental, é através dela que você pode tornar a vida sustentável”, repete Adolfo, sempre que participa de palestras de conscientização em comunidades e escolas beneficiadas com a chegada dessa água cristalina. O trabalho iniciado em 2009, em Palmeira dos Índios, espalhou-se pela Zona da Mata, Agreste, região da Bacia Leiteira e semiárido alagoanos. A recuperação de nascentes adota técnicas simples, mas exige muito empenho e até abnegação dos caçadores. Por isso, seu grande trunfo está na participação popular. A aliança entre proprietários de terras, agricultores, escolas e famílias em torno da defesa da água, da vida, do meio ambiente e da saúde pública é a essência desse projeto, que se tornou modelo para outros Estados do País.

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