Cidades
Parque industrial desativado � ocupado

Numa tentativa desesperada de pressionar pelo pagamento das indenizações trabalhistas, um grupo de ex-funcionários ocupou as dependências da falida Fábrica Carmen, no bairro de Fernão Velho, e já anunciou que só sai de lá quando tiver a certeza de que terá o pedido atendido. Mesmo com a resistência de alguns, os ex-trabalhadores estão sendo orientados por líderes do Movimento Via do Trabalho (MVT). Inclusive, esses representantes agendaram uma reunião para amanhã, no local, para discutir medidas a serem adotadas daqui para a frente. A ocupação do prédio foi iniciada no último domingo por cerca de 20 pessoas. Algumas delas articularam para que a ação fosse ?engrossada? pelo MVT. Eles garantem que a ocupação não causará danos ao patrimônio. Funcionária da Fábrica Carmen durante 12 anos, Abraã Barros era uma das mais revoltadas. Disse que se dedicou ao ofício de fiandeira, adoeceu, precisou ser afastada do trabalho e, quando retornou, foi demitida sem qualquer pagamento de indenização. Ela conta que chorou ao entrar no prédio abandonado há anos e ver maquinário enferrujado e pilhas de documentos considerados importantes, que comprovam a vida útil da indústria, completamente espalhados numa sala suja e cheia de insetos. ?Fui colocada para fora sem receber um centavo ainda antes da fábrica declarar falência. Depois que saí, a empresa ainda produziu durante um ano, mais ou menos, e somente depois fechou as portas. Então, além de ter adoecido, ter ficado de benefício, fui jogada para fora sem direito algum. Estamos aqui, nesta tentativa de correr atrás do que é nosso, unicamente?, expõe a ex-funcionária. Segundo ela, há cerca de dois anos representantes da fábrica recolheram várias máquinas do prédio e sumiram com o dinheiro. Depois de algum tempo, chamaram alguns trabalhadores para receber um dinheiro que seria resultado da venda do ferro-velho. ?Disseram pra gente que esse maquinário vendido valeria aproximadamente R$ 100 mil. E onde está esse dinheiro todo??, questiona.