Sem-terra aceitam negociar e desocupam Incra
Após um dia de grande tensão, os cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) desocuparam, no início da noite de ontem, a sede do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), no centro da cidade. A decisão de deixar o
Por | Edição do dia 09/03/2002 - Matéria atualizada em 09/03/2002 às 00h00
Após um dia de grande tensão, os cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) desocuparam, no início da noite de ontem, a sede do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), no centro da cidade. A decisão de deixar o prédio foi tomada depois que o superintendente do Incra, José Quixabeira Neto, garantiu se reunir com os sem-terra, na segunda-feira, às 10 horas, na sede do instituto. Nós viemos reivindicar a desapropriação da Fazenda Valparaíso, em Chã Preta, que já foi vistoriada, mas que os donos entraram com uma ação na Justiça para impedir a desapropriação, explicou Quitéria Alves Feitosa, coordenadora do MST, completando, que o Incra não tem capacidade para resolver este problema. É um órgão inoperante, um verdadeiro gigante adormecido, afirmou. Segundo a coordenadora, os agricultores, que foram transferidos para o Ginásio do Estadual, não têm mais para onde ir, já que o acampamento na Fazenda Arraial, em Quebrangulo, foi destruído. Somente deixaremos Maceió para um assentamento na fazenda Valparaíso. O Incra garantiu que ela seria desapropriada em menos de três meses, mas até agora nada, assegurou. Quitéria Alves disse, ainda, que o único acordo que o MST quer com o Incra é a imediata desapropriação da fazenda em Chã Preta. Caso o Quixabeira não desaproprie a Valparaíso, iremos reocupar a sede do instituto, ameaçou a coordenadora. Segundo ela, a desapropriação das fazendas Ouricuri e São Pedro também fazm parte da pauta de reivindicações. Tivemos uma reunião com o Quixabeira (presidente do Incra em Alagoas), que prometeu resolver essa situação, mas não fez nada até agora, reclamou. Ela acusa também o Incra de tentar desarticular os movimentos pela terra. Tem um funcionário que fica convencendo os trabalhadores a não lutarem por seus direitos, jogando-os contra as lideranças, ressaltou. Com relação ao anúncio do líder do movimento, José Rainha Júnior, que o mês de abril será marcado por invasões, Quitéria afirma que em Alagoas não há planos para invasões nesse mês. Continuaremos seguindo a programação nacional, mas dizer que iremos fazer invasões é impossível porque até agora não temos nada planejado, concluiu.