Cidades
INCESTO PREOCUPA JUSTIÇA

?Eu tinha oito e ele 55 anos. Uma certa noite, eu estava dormindo, senti um peso no meu pescoço e no meu corpo. Quando abri os olhos e tentei me levantar, ele disse para eu tirar a roupa, eu me desesperei, ele me agrediu e eu não vi mais nada. Quando acordei, estava cheia de sangue?. O relato é de uma mulher de 29 anos que, durante a infância e adolescência, sofreu abuso sexual constantemente até engravidar do próprio avô. Com os olhos marejados, a vítima, que não será identificada pela reportagem, conta ainda que os abusos eram seguidos de ameaças. ?Se você contar para alguém, ninguém vai te querer, você não vai ficar com homem nenhum, ninguém vai acreditar em você. Ele dizia que já tinha feito a outras e comigo não daria em nada. Aí, a ameaça rolando, rolando. Oito, nove, dez?E onze anos quando iniciei meu período menstrual e, aos doze, eu engravidei?, contou. Atualmente, a filha da vítima mora em um abrigo e tem 14 anos. Elas não mantêm contato porque o poder de vínculo foi destituído pela justiça alagoana, tendo em vista fatores de risco oferecidos à vida das duas. Hoje, desempregada e estudante do terceiro ano do ensino fundamental, a mulher ainda enfrenta momentos de dificuldades emocionais e financeiras. ?Não tive apoio nenhum. Em todos os momentos escutei piadinhas e escutei da minha mãe: ele fez, ele vai ter que assumir ela. É duro. São palavras que não esqueço. Depois de um certo tempo, minha mãe chegou a me expulsar de casa e eu não tinha para onde ir. Mas Deus não me desamparou?, desabafou. TRAGÉDIA A personagem não é a primeira. Em Alagoas, segundo o conselheiro tutelar Fernando da Silva os casos de violência doméstica são recorrentes. ?Outro dia, tivemos que intervir em uma família porque o pai abusava da filha mais velha há anos e estava querendo iniciar a violência com a filha menor?, contou Fernando da Silva, acrescentando que, devido à pressão psicológica, as vítimas sentem medo. ?No caso desse pai que abusava da filha há anos e estava tentando estuprar a outra, a vítima nos relatou que vivia momentos de terror, em que ele ameaçava matar a família toda e fugir para outro Estado. Ela chegou desesperada e relatando medo?, afirmou Fernando da Silva. O conselheiro tutelar afirma que, nessas situações, é necessário pegar o flagrante porque se a denúncia for feita apenas de boca, o suspeito pode ser liberado pela polícia.