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Nº 5759
Cidades

Alagoano paga caro para sepultar familiares

RÓDIO NOGUEIRA Morrer, assim como garantir a sobrevivência, também custa caro em Maceió. O caixão mais simples custa 180 reais. Dependendo de uma boa conversa, o empresário do ramo pode dividir em duas parcelas mensais. Mas esse é apenas o início da vi

Por | Edição do dia 10/03/2002 - Matéria atualizada em 10/03/2002 às 00h00

RÓDIO NOGUEIRA Morrer, assim como garantir a sobrevivência, também custa caro em Maceió. O caixão mais simples custa 180 reais. Dependendo de uma boa conversa, o empresário do ramo pode dividir em duas parcelas mensais. Mas esse é apenas o início da via-crúcis da família que não tem recursos para proporcionar um sepultamento digno como merece o finado. Ao chegar ao cemitério tem que pagar 24 reais (taxa de velório) e mais 24 reais (taxa de sepultamento). Nesses casos a administração dos cemitérios não parcela as taxas. Superadas todas as dificuldades, chega a hora de registar o atestado de óbito no cartório. A família tem que desembolsar mais 12 reais para ter o documento. É bom lembrar que este tipo de sepultamento é feito em covas abertas, no chão dos cemitérios. Depois de três anos os ossos são retirados e colocados em um ossário coletivo. Alugar gaveta não está nos planos de gente pobre. É caixão de luxo que engorda a conta bancária dos empresários da área de funerárias. Esse caminho é trilhado todos os dias nas funerárias de Maceió. O choro se mistura com a revolta e a lamentação de ser pobre. O Instituto Médico Legal Estácio de Lima (IML) recebe os cadáveres para a realização de exames e tem prazo para manter os corpos em suas geladeiras. Quando a família não tem recursos para o sepultamento, a pessoa é enterrada em cova rasa no Cemitério Divina Pastora, no distrito de Rio Novo. Nos arquivos há muitos casos de pessoas sepultadas com a roupa do corpo, sob o olhar triste dos parentes e amigos que não conseguiram juntar dinheiro para comprar um caixão. Sob a administração da Prefeitura de Maceió estão os cemitérios da Piedade, São José, Nossa Senhora do Ó, Mãe do Povo, Santo Antônio, Santa Luzia, Divina Pastora e São Luiz. O procedimento é o mesmo para todos. Em alguns começa a faltar espaço para a realização de enterros. Necessitam de reformas. O lixo se amontoa em alguns. As administrações, no entanto, garantem que os cemitérios estão atendendo e até muito bem a comunidade. O da Piedade é conhecido como o cemitério dos ricos e o Divina Pastora, dos pobres e indigentes. Jorge Cunha, funcionário da Secretaria de Ação Social do Município, explica que a determinação é encontrar solução para os casos que chegam aos cemitérios municipais. “Jamais alguém deixou de ser sepultado pelo fato de não ter dinheiro para comprar um caixão ou pagar as taxas. A Secretaria de Ação Social atende todo e qualquer caso. Basta procurar o órgão que automaticamente serão liberados o caixão e as taxas”, garante Jorge Cunha, que disse ser comum e antigo o atendimento as famílias carentes de Maceió. Para muita gente a doação de caixões pela prefeitura é a única forma de sepultar parentes com dignidade. Para ter o caixão liberado basta apresentar a guia do cemitério onde ocorrerá o sepultamento. Os empresários do ramo informam que buscam todos os meios possíveis para atender as pessoas por mais pobre que sejam. Só não podem atender os inúmeros pedidos que chegam em suas lojas. Mas, na medida do possível, aliviam a dor de muita gente. Ele é um antigo empresário do ramo e conhecido por doar caixões quase todos os dias. Prefere manter o anonimato. “Recebo em média três pedidos por dia e, de acordo com o meu estoque de caixões, atendo dois. Mando levar na residência do morto e a família se encarrega de resolver o resto do problema”, garante o anônimo.

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