‘Pagador de promessas’ vai a pé de Caruaru até Aparecida, em SP

Em 1962, Dias Gomes (1922-1999) escreveu o drama O Pagador de Promessas, que conta a história de Zé do Burro, que caminha sete léguas em pleno Sertão baiano até a capital, Salvador, carregando uma pesada cruz de madeira. O intuito era pagar a promessa feita a uma mãe de santo, após o burro dele, chamado Nicolau, ter se recuperado de uma doença. Chegando a Salvador de madrugada, alojando-se nas escadarias da catedral dedicada à Santa Bárbara, o padre local se recusa a receber a cruz, ao conhecer a origem ?pagã? da promessa, tendo início todo um conflito. Mas se ?a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida?, como afirmou o escritor, poeta e dramaturgo britânico de origem irlandesa Oscar Wilde (1854-1900), podemos dizer que, pela fé, o ser humano é capaz de muitas coisas. É o caso do pernambucano Pedro Guedes da Costa, de 77 anos, que há mais de 10 anos peregrina pelas estradas do Brasil para cumprir suas promessas. Caminhando às margens da rodovia BR-104, surge um homem curvado, carregando uma cruz pesando cerca de 50kg nas costas, toda enfeitada com objetos religiosos, fotos, além de uma pequena bolsa contendo roupas, comida e água. Pedro Guedes saiu a pé de Caruaru-PE no dia 1º de outubro e, após 39 dias, havia chegado ao município de Murici, na Zona da Mata de Alagoas. Ele já havia percorrido mais de 190 quilômetros caminhando e seu destino é o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que fica na cidade de Aparecida, em São Paulo. Com mais 2.200 quilômetros pela frente, o católico não se intimida com a distância e afirma que, em nenhum momento, pensou em desistir da peregrinação. Ele paga uma promessa após ficar curado de uma trombose em 2006.