Cidades
Terapia contém sintomas, não o preconceito

O aposentado Cláudio José Melo, de 62 anos, é enfático: os medicamentos que combatem o HIV/Aids possibilitam aos pacientes uma vida normal. Apesar de ter um dia a dia regrado, ele garante que o vírus ? que, no caso dele, está indetectável ? não o impede de desenvolver nenhuma atividade. ?Eu descobri a Aids em 1995, ou seja, há 22 anos. Eu comecei a perder peso e contraí uma pneumonia. Passei a acompanhar e, durante exames, descobri a doença. Foi um processo chocante. Mas, com a evolução dos medicamentos, levo uma vida normal. Eu cheguei a tomar 30 comprimidos por dia, mas hoje só tomo 3?, explica. Segundo ele, a medicação provocou efeitos colaterais que o obrigam, por exemplo, a fazer fisioterapia. O acompanhamento é feito gratuitamente no PAM Salgadinho, uma das unidades de referência para acompanhamento do HIV/Aids em Alagoas. Situação semelhante é vivenciada pela professora aposentada Teresinha Vilela, de 82 anos. Ela descobriu a doença aos 54 anos e leva uma vida normal, apesar de também se submeter a sessões de fisioterapia para tratar uma lipodistrofia, que é uma alteração na distribuição de gordura no corpo provocada pelo vírus HIV. ?No início, foi um choque. Eu decidi, então, buscar informações. Busquei conhecimento para poder compreender melhor o processo que eu vivia e poder superar as dificuldades que aparecessem. Mas hoje, com medicamentos mais modernos, levo uma vida normal, sem enfrentar nenhum tipo de dificuldade?, frisa a aposentada. A melhoria na qualidade de vida, no entanto, não impediu que ela sofresse com o preconceito. ?Minha carga viral está neutralizada e o vírus está indetectável, mas um dia decidi conceder uma entrevista e, na semana seguinte, ao tentar fazer as unhas no local em que sempre fiz, a funcionária me reconheceu e se negou a fazer. É uma situação bastante constrangedora?, revela Teresinha Vilela.