Cidades
Pacientes psiquiátricos ganham vida nova

Esperança é o sentimento que toma conta hoje da maioria das famílias de Alagoas com parentes portadores de transtorno mental. A esperança chegou com a implantação das residências terapêuticas, que acabam com as longas internações de pacientes em hospitais psiquiátricos. Em alguns deles, as visitas eram esporádicas: uma ou duas vezes por semana. Os pacientes eram abandonados pelos próprios familiares. Há 17 anos, uma lei federal acaba com as ?prisões? psiquiátricas nos hospitais, interrompe o processo de abandono familiar, modifica a forma de tratamento e, nesse momento, devolve a cidadania aos doentes. Em seis de abril de 2001, foi sancionada a lei federal 10.216, que promoveu a reforma psiquiátrica no Brasil. A lei modifica o modelo de atendimento, assistência, internação e garante os direitos das pessoas com transtornos mentais, que agora podem viver longe dos muros hospitalares, inclusive aqueles esquecidos pelas famílias. O principal objetivo é acabar com o modelo de assistência que transformava hospitais psiquiátricos em depósitos de gente doente. A lei impede internação involuntária, as de longo tempo, recomenda a substituição de medicamentos por atividades inclusivas, lúdicas e ocupacionais. A internação passa a ser o último recurso, e deve ser de curto espaço de tempo. Ninguém pode ficar mais de um ano internado em hospital psiquiátrico. Os pacientes deixam de morar nos hospitais e passam a viver em casas da família ou alugadas pelo poder público. Essas pessoas, quando precisam ou surtam, são levadas aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para atendimento. A maioria dos estados já implantou a lei com apoio do Ministério da Saúde e criou as residências terapêuticas. As residências terapêuticas, de acordo com a lei, não funcionam como hospitais. São casas de pacientes abandonados pelas famílias. Quando estão transtornados, eles são levados para os Caps, que devem funcionar em turno de 24 horas, ou para um hospital com emergência psiquiátrica. Em Sergipe, por exemplo, a lei é colocada em prática há quase dez anos. O problema por lá, como na maioria dos estados, é a falta de vagas nas casas.