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Pol�mica: mulher corre risco de morte, mas n�o aceita transfus�o de sangue

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A direção do Hospital Universitário enfrentava, na semana passada uma situação polêmica, que só teve um desfecho ontem. Os médicos da maternidade do hospital ficaram impedidos de realizar uma cirurgia numa paciente (L. A. F. S), 32 anos, que, por ser Testemunha de Jeová, não poderia receber uma transfusão de sangue, em obediência aos preceitos da religião. Ela acabou sendo transferida para Recife, onde um médico, também Testemunha de Jeová, comprometeu-se a realizar a cirurgia da paciente, que apresenta um problema no útero. L. A . F. S., que continuava internada na maternidade do HU, na manhã de ontem, recusou-se a falar com a imprensa. Um integrante da Igreja Testemunha de Jeová afirmou que só a Comissão de Ligação com Hospital poderia se pronunciar sobre a questão. Mas alegou que não foi a igreja que impediu a possível realização da transfusão de sangue. ?Foi a consciência dela que tomou essa decisão?, comentou. O chefe da maternidade do HU, José Elias Soares da Rocha, explicou que a paciente foi internada na maternidade na terça-feira da semana passada, apresentando uma doença denominada tromboplastia gestacional, mais conhecida como mola, que consiste numa degeneração do que seria um embrião. A doença de cunho genético não permite a formação do ovo para geração do embrião, gerando uma neoplasia. ?Existem duas modalidades dessa doença: 80% dos casos surgem como forma de mola, que é benigna, e 20% de forma maligna?, explica o médico. O problema poderia ser resolvido através de um procedimento denominado vácuo-aspiração. ?Só que durante esse procedimento haveria possibilidade de a paciente sangrar, o que levaria a necessidade de realizar uma transfusão de sangue?, observa José Elias. No caso de L. A . F. S. a possibilidade de haver um sangramento era ainda maior em virtude dos resultados dos últimos exames de sangue. Ela apresentava uma taxa de hematólogos de 2,6 milhões, quando o normal é acima de 4 milhões: a de hemácias estava em 23%, quando ideal é acima de 40%, e de hemoglobina estava em 7,1 gramas por 100, quando o normal é acima de 14 gramas por 100. Documento Segundo Elias, a paciente, o marido e a Comissão de Ligação com Hospitais da Igreja Testemunhas de Jeová se recusaram a autorizar a transfusão de sangue, mesmo que houvesse necessidade durante a cirurgia. ?Eles assinaram um documento descartando qualquer possibilidade de ser efetuada uma transfusão de sangue na paciente, apesar de autorizar a realização da cirurgia?. Diante dessa decisão, a direção do Hospital Universitário recusou-se a fazer a cirurgia e sugeriu que a paciente fosse transferida para outro hospital que se dispusesse a realizá-la nas condições estabelecidas pela religião. ?Os integrantes da igreja chegaram a afirmar que se ela realizasse a transfusão estaria sendo violada e seria expulsa da igreja?. Elias salientou que se a paciente não for submetida a cirurgia, ela corre o risco de sofrer uma hemorragia. ?A cirurgia deveria ter sido realizada de imediato, após o diagnóstico da doença?. O diretor-geral do HU, João Macário, observou que um parecer do Conselho Federal de Medicina (21/80) estabelece que em caso de haver recusa em realizar a transfusão de sangue, o médico, seguindo o que determina o código de ética da profissão, deve respeitar a decisão, caso não haja perigo iminente de risco à vida. ?Se houver iminente perigo de vida, o médico deve proceder a transfusão de sangue, independentemente da posição do paciente e de seus familiares?. Ele ressaltou que o HU preferiu colocar a opção da família em procurar uma outra instituição para interná-la. ?Eles acertaram para levá-la a Recife, solicitando apenas uma ambulância para transportá-la até o aeroporto e os exames atualizados?.

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