Cidades
Decisão do TSE é comemorada

A travesti Natasha Wonderfull, 34, se aborrece cada vez que é obrigada a apresentar o documento de identidade civil. Nele, consta seu nome de batismo e de identificação, que ela rejeita desde que, aos 11 anos, saiu de casa, em Canhotinho (PE), e veio para Maceió. Nessa fase, Natasha ainda era Severino Pedro da Silva, o menino que ganhou as ruas quando a mãe faleceu e os parentes não o acolheram. Ontem, ela vibrou com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de permitir que eleitores transgêneros e travestis usem o nome social no título de eleitor. Significa que esse segmento pode ter, como eleitor, o nome pelo qual é socialmente reconhecido. O TSE reconheceu ainda a opção pela autoidentificação, ou seja, a Justiça eleitoral brasileira aceita que o eleitor trans se identifique pelo gênero ? masculino ou feminino. A mudança pode ser solicitada até o dia 9 de maio próximo. ?Ainda esta semana, irei ao cartório solicitar a mudança no meu título eleitoral?, disse Natasha, que não nega o nome Severino Pedro, mas prefere o que adotou quando se assumiu. A travesti, que conseguiu estudar e se tornou técnica de enfermagem, luta ainda para mudar o registro de nascimento e de identidade. Segundo ela, seu nome é Natasha Wonderfull da Silva, e é esse que quer em seu título eleitoral e em todos os seus documentos civis. É com o nome social que quer, por exemplo, se inscrever em concurso público. Primeira profissional transexual em Alagoas a utilizar o nome social no registro do Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren-AL), como técnica de enfermagem, ela trabalha em programas sociais da Prefeitura de Maceió, como o Consultório de Rua. Natasha é também militante em favor dos homossexuais, sendo presidente da Associação Cultural dos Transgêneros e Travestis de Alagoas (Acttrans/AL). É nessa condição que destaca a importância do reconhecimento do TSE para todos aqueles que enfrentam as dificuldades ainda impostas a quem luta por identidade de gênero.