Cidades
Golpe tamb�m faz parte da rotina das garotas

Para os que gostam de freqüentar clubes de strip-tease, todo o cuidado é pouco. As prostitutas de casas noturnas costumam ser ousadas, visando lucros fáceis. De acordo com Millena, que trabalha num clube de strip-tease, não se deve confiar em uma garota de programa. ?Na primeira oportunidade que aparece, a maioria costuma praticar pequenos furtos. Os clientes só percebem quando é tarde e quase todos deixam para lá, com medo de se expor?, frisou. Millena acrescentou ainda que quando os clientes estão alcoolizados tornam-se presas mais fáceis. ?Uma vez presenciei um empresário muito rico fazendo uma festa com três garotas na piscina do clube. Ele estava tomando uísque importado. Quando se distraía, uma colega jogava a bebida que estava em seu copo no chão, com o intuito de forçá-lo a gastar mais, pois elas ganham percentagem sob a venda do bar do clube?, revelou. Humilhação nas ruas Já as prostitutas que vivem nas ruas vivem uma situação completamente diferente. Ao contrário do falso glamour que ronda o mundo da prostituição elitizada, o trabalho delas é duro e cheio de humilhações. O aumento da concorrência no mercado da prostituição de classe baixa em Alagoas está levando mulheres a fazer sexo oral sem camisinha, prometer dois orgasmos pelo preço de um e dar beijo na boca. Praticar sexo oral sem camisinha põe em risco a saúde e a vida das profissionais do sexo. No ?código de honra? das prostitutas de periferia, beijo na boca sempre foi considerado ?intimidade? não incluída nos serviços. Segundo depoimento de garotas de programa que procuram seus clientes nas ruas, cerca de 40% delas oferecem sexo oral sem preservativo. De acordo com Ana Paula, 19 anos, muitas garotas oferecem sexo anal sem nenhuma restrição e prometem sexo oral sem camisinha, até o fim. Tudo isso por causa da concorrência. ?O cliente sempre está querendo sem camisinha. Leva vantagem quem o satisfaz da forma que ele quer. Com as dificuldades econômicas, as mulheres tendem a ceder?, disse. Essas prostitutas costumam fixar ponto na Praça Marcílio Dias, no Jaraguá, Praia de Pajuçara, Praia da Avenida, Praça Monte Pio, no Centro, e alguns bairros periféricos, como Chã da Jaqueira. Os ganhos variam de R$ 1,00 a R$ 30,00, por programa. Nos bares do mercado da produção, o sexo oral é praticado debaixo das mesas, por meninas de até nove anos. Elas cobram R$ 1,00 pelo serviço. Prostituição começa em casa Segundo o levantamento realizado pela professora da Ufal, Cleonilse Nicácio, a prostituição de classe baixa começa dentro de casa, através do abuso sexual cometido pelo pai, tio ou padrasto. ?Grande parte dessas prostitutas é menor de idade. Algumas que contaram para a mãe o abuso sofrido pelo pai ou padrasto foram colocadas para fora de casa. Existem casos de mães que aconselharam a própria filha a ir para as ruas vender o corpo para conseguir dinheiro?, contou a filósofa. De acordo com a pesquisa, a maioria das meninas gosta de se prostituir e quando são levadas para instituições de amparo acabam fugindo e voltando para as ruas. Entre as meninas que atuam no Centro de Maceió, está uma de 19 anos que já fez três abortos. Seus ganhos por programa variam entre R$ 5,00 e R$ 10,00. O abandono explícito da camisinha nos casos de sexo oral surpreendeu os técnicos do Programa Estadual de DST-Aids. Segundo informações do programa, em Maceió os bairros com os maiores índices de contaminação por HIV são: Centro, Jaraguá, Pajuçara, Poço, Ponta da Terra, Ponta Verde, Jatiúca, Stella Maris, Reginaldo e Santo Eduardo. (CM)