Cidades
Popula��o gasta m�dia de 50 minutos em filas banc�rias

BLEINE OLIVEIRA Ir a uma agência bancária transformou-se, nos últimos anos, em motivo de profunda irritação. Raramente se consegue resolver questões simples, como o pagamento de uma conta, sem perder pelo menos 30 minutos numa fila. Há momentos em que a demora é bem maior. Cálculos do Sindicato dos Bancários de Alagoas mostram que, em média, o tempo de espera numa fila de banco é de 50 minutos. Esse tempo poderia ser reduzido em mais de 50%, se uma lei municipal criada em meados de 1998 estivesse em vigor. A lei foi aprovada na Câmara Municipal de Maceió e sancionada pela prefeitura. Mas, como precisava contratar mais funcionários para cumpri-la, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) decidiu contestá-la judicialmente. A decisão adiou os benefícios da lei que obrigava os bancos a criar condições para que nenhum cliente fique por mais de 20 minutos numa fila. ?Caberia à Prefeitura de Maceió, através de sua Procuradoria Geral, defender os interesses da população acompanhando na Justiça o desenrolar da ação da Fenaban?, diz o diretor de formação do Sindbancários, Sérgio Braga Vilas Boas. Segundo ele, a entidade chegou a colocar seu departamento jurídico à disposição da prefeitura, mas não houve interesse da Procuradoria. Dependendo do dia, se é final ou início de mês, e do banco, o tempo de espera pode chegar a até duas horas. Nos chamados bancos varejistas, aqueles que atendem a uma grande público, sem exigir renda elevada e cuja carteira de cobrança é maior, o cidadão se obriga a um exercício de paciência. Nesses, revela Sérgio Vilas Boas, a quantidade de funcionários é flagrantemente menor que a demanda. ?Eles oferecem uma grande quantidade de máquinas (caixas eletrônicos), entretanto, a maioria das operações tem que ser feita nos caixas?, completa o dirigente sindical. São consideradas varejistas instituições bancárias como o Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e outros. Do mesmo modo, os bancos que fazem maiores exigências para abrir uma conta mantêm reduzido número de funcionários em suas agências. Eles querem renda elevada, e são normalmente escolhidos por empresas e investidores. Estão nessa categoria bancos como o Safra, Sudameris e o Bicbanco. Emprego A informatização do setor bancário, iniciada e concretizada no período que vai de 1990 a 1998, deixou como saldo a quase extinção da profissão de bancário. Em todo o País, a categoria diminuiu de 800 mil trabalhadores para cerca de 400 mil no período. Sérgio Vilas Boas revela que, em Alagoas, o número de bancários caiu de seis mil para 2 mil. ?O número é ainda menor. Nossa categoria tem hoje cerca de 1.700 bancários?, acrescenta o sindicalista. A conseqüência direta para o cliente é o que se vê nas agências: longas e irritantes filas. O diretor do Sindbancários não vê perspectivas de que esse quadro se modifique sequer em médio prazo. No caso dos bancos estatais seria necessária a reativação de funções extintas com a maquinização das agências, e o redimensionamento dos serviços. Isso implica em aumento do contingente de funcionários. ?Mas não sabemos se o governo cogita realizar concurso público?, afirma Sérgio Vilas Boas. No setor privado a política é diferente. Embora sejam o segmento de economia que há anos apresenta maior lucratividade, os bancos não dão sinais de que vão aumentar a oferta de emprego. Qual seria então a forma de fazê-los melhorar os serviços, oferecendo conforto e comodidade aos clientes? Para o sindicalista o caminho é a pressão do consumidor. O Sindbancários tem investido no processo de conscientização do cliente bancário, distribuindo cartilhas de orientação sobre seus direitos. ?Nosso esforço é para tornar o cliente mais exigente?, revela Vilas Boas. Como consumidor de um serviço pelo qual paga muito caro, o cidadão tem, pelo menos, o direito de não ser obrigado a perder tempo numa fila interminável.