Cidades
Maioria dos idosos que vivem em abrigos se queixa da solidão

No centro de Maceió, em frente à Secretaria da Fazenda, funciona o Abrigo São Vicente de Paulo (Rua Gen. Hermes, 41-Bom Parto), uma organização não governamental que sobrevive sem ajuda financeira do poder público. Como ocorre na maioria das Instituições de Longa Permanência para Pessoa Idosos, uma pequena parte da receita vem de 70% da aposentadoria dos moradores. O local abriga 26 idosos, 11 deles sem vínculo familiar, ou seja, esquecidos na instituição, alguns há mais de dez anos e, entre esses, há três sem documentação. Entre os com referência familiar, alguns foram esquecidos pelos parentes. O morador mais idoso tem 96 anos de idade. A maioria reclama da solidão e de desprezo social. Com ajuda do Ministério Público, foi aberto um processo para regularizar a cidadania de quem não possui documentos de identificação. O abrigo tem uma folha com 25 funcionários, entre assistente social, enfermeiro, auxiliares, cuidadores, trabalhadores de telemarketing, cozinheiros e recepção. Cada idoso envolve gasto mensal de R$ 2 mil/mês. A maioria recebe salário-mínimo (R$ 937). A Casa fica com 70% dos rendimentos. Muitos nem isso recebem, porque foram vítimas de violência financeira da família, que fez empréstimo e o cartão da aposentadoria foi entregue como garantia. Para manter a Casa, os gastos se aproximam de R$ 100 mil/ mês. O rendimento interno chega a menos de 30%. O deficit é coberto com ajuda da sociedade civil, explicou a assistente social do abrigo, Juliana Silva. ?O ano de 2018 foi bastante complicado. Perdemos alguns benfeitores que ficaram desempregados e os empresários, que sentiram a crise econômica, deixaram de contribuir?. Apesar das dificuldades, a assistente social garante que não faltou alimentação para os idosos porque a instituição recebe doações de alimentos, fez convênios com farmácias para não deixar faltar a medicação e tenta manter a autoestima dos abrigados com as festas comemorativas. ?A gente pede que as pessoas venham conhecer a instituição, que doem não só bem material mas também um pouco do tempo?, apelou a assistente social Juliana Silva. ?Muitos aqui só precisam de alguém para conversar, falar um pouco da vida e diminuir a solidão?. AJUDA A Casa para Velhice Luíza de Marilac (Rua Mem de Sá, nª24-Bebedouro), comemora 60 anos no próximo dia 28. Na instituição residem 40 idosas, uma delas com mais de 105 anos de idade. O local é um dos mais organizados, com espaços definidos e bem arejados para lazer, encontros, festas, salas de fisioterapia. É considerada como referência, mesmo assim não consegue atender todas as exigências do Estatuto do Idoso. A instituição, considerada modelo, também está com dificuldades para manter as contas em dias.