Cidades
Ex-l�der diz sofrer amea�as e agress�es do MST

Embora defina como decisão política pessoal a causa de seu afastamento da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o ex-dirigente do movimento em Alagoas, Reginaldo Pacheco, denunciou que tem recebido ameaças e agressões, até de natureza física, de alguns dirigentes que continuam no comando da organização. ?O que provocou minha desistência das instâncias do MST foram as disputas internas de poder, ciúmes de lideranças e as queimações?, declara Pacheco. O militante camponês reclama que essas disputas, que atingiram seu ponto mais grave durante reunião nacional do MST, realizada em Belo Horizonte (MG), em janeiro de 2002, não chegaram ao conhecimento da base do Movimento Sem Terra. ?Quando foram esclarecer, usaram de baixaria e queimação, confundindo ainda mais os trabalhadores?, denuncia Reginaldo Pacheco. Ele revela que, em conseqüência das posições assumidas na coordenação estadual do MST, foi punido com sua transferência para Pernambuco, outra área de atuação do movimento. ?Nunca fui comunicado oficialmente de minha transferência, fiquei sabendo através de aliados?, diz Pacheco. Ele considera os dirigentes do MST despreparados politicamente por não saberem ?respeitar as lideranças históricas ou os aliados da luta pela reforma agrária?. Para Reginaldo Pacheco, as divergências existem em qualquer tipo de organização, por isso prefere não fazer críticas mais duras ao comando do Movimento Sem Terra. Mas reconhece que ?os problemas sempre dificultam a organização do MST que, por ser um movimento de massa, tem pessoas sem caráter, mas tem também uma maioria honesta que quer trabalhar, produzir e mudar de vida?. Ressaltando que, apesar de ter decidido se afastar da organização, não é inimigo do MST, Pacheco lamenta o abandono e a falta de uma política agrícola e agrária no País. ?Isso trouxe a decadência da agricultura familiar, o abandono dos assentamentos, que estão sem assistência social, econômica e política?, completou. /// ?Afastamento foi uma decisão nacional? Um dos dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Alagoas, José Santino, negou que Reginaldo Pacheco, ex-coordenador estadual, tenha sofrido qualquer tipo de agressão ou sido ameaçado pelo MST. Ele confirmou o afastamento de Pacheco, mas explicou que a questão foi decidida pela direção nacional do movimento, em conseqüência de atitudes individuais tomadas pelo ex-militante. ?Até hoje, lamentamos a saída do companheiro Reginaldo Pacheco, que fez parte da história do MST e cuja contribuição à luta pela reforma agrária é inegável? - afirma Santino. Entretanto, revela que o ex-dirigente foi alertado de que a disputa de poder e as divergências entre ele e Marcos Antônio Marrom estavam prejudicando as atividades do MST. Em conseqüência dos problemas entre os dois, a direção nacional decidiu afastá-los da coordenação em Alagoas, transferindo Pacheco e Marrom para outros estados. ?Infelizmente, Pacheco não seguiu essa e nem outras determinações, não havendo outra opção senão afastá-lo? - declara José Santino. Segundo ele, ?nenhum militante pode se considerar maior que a organização?. O MST, acrescenta ele, é uma organização de massa com hierarquia e disciplina que têm que ser respeitadas. Para Santino, tanto Reginaldo Pacheco quanto Marcos Antônio Marrom, ?são valorosos companheiros que, infelizmente, descumpriram as determinações superiores?. Mas, nem por isso, terão sua contribuição negada pelo MST. Sobre a declaração de Pacheco, de que estaria sendo vítima de ameaças e sofrido agressão física, o dirigente estadual disse que cabe a ele (Pacheco) ?dizer quem fez isso e se são pessoas ligadas ao MST. Mas nunca tomei conhecimento ou presenciei quaisquer fatos desse tipo?.