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Pai separado usa coração de mãe para criar os filhos

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FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter O tradicional e secular núcleo familiar formado por pai, mãe e filhos já não é mais o retrato fiel dos tempos modernos. Esse retrato de família já não é mais o único. É cada vez maior o número de pais que criam os filhos sem a presença da mãe, ou mesmo vivendo separados participam integralmente da criação deles. Esses homens encaram a paternidade muito além da obrigação de simplesmente prover às necessidades materiais dos filhos. E mostram que o instinto materno não é um dom apenas das mulheres. problemas evitados Para o psicólogo Laerte Leite, até algum tempo atrás, pensava-se que só as mulheres detinham o chamado instinto maternal. Mas, com o tempo e as mudanças nas relações familiares, o homem pode desenvolver esse instinto maternal para suprir a ausência da mãe. Apesar de os filhos sempre sentirem a ausência da mãe, os homens podem compensar essa falta, deixando o machismo de lado, não tendo vergonha de demonstrar seu carinho e amor pelos filhos, ressalta o psicólogo. Segundo ele, esse amor entre pai e filho - mesmo com pais e mães separados - pode evitar maiores problemas no futuro. A pessoa que desenvolve uma boa relação tende ser uma pessoa saudável, completa. O psicólogo lembra que o grande número de casos de obesidade infantil nos Estados Unidos é provocado por problemas de afetividade entre pais e filhos. Para o Laerte, o segredo para um bom relacionamento é não ter medo de amar. Os homens contemporâneos estão tentando redefinir sua identidade. E nessa busca, aqueles que são pais tentam ansiosamente desempenhar um novo papel à sociedade e aos filhos. A situação fica ainda mais complicada quando o casal vive separado e os encontros familiares acontecem em horários restritos, definidos pela fria Justiça. Mas muitos pais têm conseguido manter uma relação saudável com os filhos. No Dia dos Pais, a Gazeta decidiu mostrar histórias de encontros e desencontros desses pais separados, que decidiram seguir o caminho natural da harmonia com seus pupilos, apesar de certa distância das mães. ### Vale tudo para ficar junto dos filhos A Gazeta conversou durante a semana com três pais separados e seus filhos e traz nesta edição um pouco do relacionamento entre esses pais e seus filhos. O empresário Sérgio Fireman está separado há 7 anos e meio. Há 5 anos, assumiu a difícil tarefa de criar os filhos sozinhos: Ian Marino, 9, e Davi Cristino 15. De forma amigável, quando a mãe dos garotos decidiu que era melhor eles morarem com o pai, Sérgio procurou se preparar o melhor que pôde para superar esse desafio. Ele sabia que não seria fácil para os filhos encarar a separação da mãe, e teria que estar preparado. Para isso buscou ler livros sobre relacionamento entre pais e filhos. Entre os vários que leu, dois o marcaram muito: o livro Escola de Pais de Luiz Lobo e Nossos Filhos, Nossos Mestres. Nesses livros despertei para o fato de que nasci para ser mãe ou para ser pai. E que o espírito materno pode estar em qualquer pessoa. Celulares O economista e administrador Carlos Stuart Buriti, o Carlinhos, tem com as duas filhas Gabriela, 7, e Renata, 9, muito companheirismo, seja em que momento for. Mesmo morando perto delas e sempre podendo vê-las, o amoroso pai não se contentou. Comprou dois celulares, para estar sempre em contato com elas. Para Ediburgo Neto a paternidade chegou de surpresa. Pai dos gêmeos Kauã e Kaiá, de 3 anos, ele se mostra hoje dedicado e apaixonado pelos filhos. Vivendo uma nova experiência conjugal, ele também se sente um pouco pai da filha da atual companheira, a pequena Brida, de 5 anos. Para Ediburgo, ser pai é show de bola. |FAS ### Encontros e viagens para matar saudade O empresário Sérgio Fireman, separado há sete anos e meio, há cinco assumiu a difícil tarefa de criar os filhos sozinhos. Ian Marino, 9, e Davi Cristino, 15, moravam com a mãe em Brasília, que devido a condições financeiras achou melhor que fossem criados em Maceió pelo pai. Quando nos separamos, os meninos tinham 2 e 7 anos. A mãe fez questão de levar os meninos para Brasília, onde morava. Eu nunca esqueci de uma frase que disse para ela naquele momento: a minha vontade de ficar com eles nunca será menor que a sua. Durante o período de dois anos os filhos estavam longe, Sérgio fez exatamente 15 viagens a Brasília. Em todas as datas importantes lá estava ele: Natal, ano-novo, Dia dos Pais, Dia das Crianças, aniversários e tantas outras. Nas férias, também ia sempre buscá-los e falava quase diariamente com eles. Sérgio disse que mesmo longe, sua relação era tão intensa com os filhos, que ele chegava a colocá-los de castigo, por telefone, quando faziam alguma traquinagem. E os meninos obedeciam. Quando a mãe chegava em casa, a empregada dizia que eles estavam de castigo porque eu tinha mandado. Hoje, pelo menos uma vez por ano, eles vão ver a mãe para matar a saudade. Sérgio aprendeu a lidar com as diferenças de cada um dos filhos. Mas, pelo menos uma coisa eles já têm em comum: a paixão pelo surf. Tal pai, tal filho Davi segue os passos do pai, apaixonado por surf, e já conquista campeonatos, como recentemente o segundo lugar no Nordestino de Surf em Porto de Galinhas. Já Ian dá seus primeiros passos no surf, pelo menos já fica em pé em cima da prancha. Sérgio diz que procura participar ao máximo do crescimento físico e emocional dos filhos. Davi, por exemplo, que está na adolescência, já dá mostras de sua independência e, apaixonado por surf, prefere mesmo está morando em Maceió. Já Ian diz gostar mais de Brasília, onde há mais espaços de lazer. Sérgio conta que sempre procura participar das atividades do filho, especialmente Ian, na escola. Só uma delas deixou de fazer, a pedido do próprio filho, a festa do Dia das Mães. De um dois anos para cá, decidi não mais ir para as festas do Dia das Mães. Quando ele era pequeno, ele ficava sem entender muito bem a situação, quando eu ia para essas festas. Mas, de um tempo para cá, percebi que essa situação o incomodava, por isso decidi não ir mais. Para Sérgio, os pais não devem ter medo de mostrar a afetividade com os filhos. Ele não deixa nunca de demonstrar seu amor pelos pupilos. O Ian, por exemplo, gosta muito de dengo. Se ele quer dengo, é porque precisa. A gente tem sempre que se preocupar em atender os sentimentos dele. Para Sérgio, o que não pode é faltar diálogo e carinho entre pais e filhos, mas sabendo também estabelecer os limites. FAS ### Filhas opinam sobre namoradas do pai O economista e administrador Carlos Stuart Buriti, chamado pelos amigos de Carlinhos, tem com as duas filhas Gabriela, 7, e Renata, 9, muito companheirismo. Quando o casamento com a engenheira agrônoma Larissa de Albuquerque Marinho acabou, há cinco anos, Gabriela e Renata passaram a morar com a mãe e os avós. Para ficar mais perto deles, Carlinhos decidiu morar próximo a elas. Namoradas Como toda separação, não foi fácil para as crianças enfrentarem a nova situação. Segundo Carlinhos, Renata, ou Rê, como a chama carinhosamente, foi uma das que mais sentiram a separação dos pais e precisou, inclusive, de acompanhamento psicológico. Mas hoje já encara a situação com naturalidade e até dá opiniões quando o pai arranja namorada. Mesmo morando perto delas e com total liberdade de vê-las, o amoroso pai não se contentou. Comprou dois celulares, um para Renata e outro para Gabriella, a Bibi, para estar sempre em contato. Quando estão em sua casa, as duas meninas ajudam Carlinhos nos afazeres domésticos. A Renata gosta de ajudar na cozinha e a Gabriella sempre lava os pratos. Na hora de ir embora, elas também arrumam suas próprias mochilas. Paixão pelo mar Carlinhos diz que faz de tudo para agradar às filhas que, como ele, são apaixonadas por tudo que se relaciona à água: mar, cachoeiras e piscinas. Apesar de acompanhá-las em muitas atividades do dia-a-dia, como levá-las à escola, Carlinhos confessa que sente por não estar mais perto para verificar seu desempenho escolar, ajudá-la a fazer o dever de casa e até mesmo de ser mais duro com elas em alguns momentos. Essa parte acaba sobrando para a mãe. Como não posso estar todos os momentos com elas, não acho justo ficar dando bronca nelas por alguma traquinagem, afirma o pai de Renata e Gabriella. Em outubro do ano passado, Carlinhos passou por momentos difíceis, mas que reforçaram o sentimento forte de amor que o liga às filhas. Ele foi baleado durante um assalto, quando saía de uma faculdade, no bairro de Jaraguá. Foi o pensamento nas filhas que deu força para lutar pela vida. Os filhos são um pedaço nosso. É como se uma força oculta me desse força naquele momento e a única coisa que pensei foi nelas, revela Carlos Buriti. FAS ### Quando a paternidade chega em dose dupla Para o lutador de jiu-jítsu Ediburgo Neto, a paternidade chegou de surpresa. A vinda dos gêmeos Kauã e Kaiã, de 3 anos, não estava nos planos dele e da mãe dos meninos, na época sua namorada. Por causa da gravidez, eles decidiram morar juntos. Mas a união não durou muito tempo. Nos separamos, quando os meninos tinham apenas quatro meses. O processo de separação foi conturbado de início. E Ediburgo teve privado o direito de ver os filhos. Por isso, decidiu recorrer à Justiça. Um acordo judicial estabeleceu a guarda compartilhada: uma semana eles ficam com o pai, outra com a mãe. AFINIDADES Ediburgo se mostra hoje um pai dedicado e apaixonado pelos filhos. Vivendo uma nova experiência conjugal, ele também se sente um pouco pai da filha da atual companheira, a pequena Brida, de 5 anos. E os pequenos Kaiã e Kauã já demonstram as afinidades com o pai. Uma delas é a prática do jiu-jítsu, esporte que Ediburgo adotou há seis anos. Entre os dias 27 e 28 de janeiro, ele estará no Rio de Janeiro participando de um campeonato mundial, representando sua academia. Ediburgo disse que apesar de já mostrarem interesse em praticar jiu-jítsu, ele só pretende levar os filhos para a academia quando completarem quatro anos. Eles ainda estão em fase de formação e a prática do jiu-jítsu pode causar lesões, justifica. Ediburgo disse que procura acompanhar ao máximo todas as atividades dos filhos, principalmente na escola. Nas datas especiais, como o Dia dos Pais, nunca deixa de estar junto deles. Mesmo que não seja a semana que deveria estar com eles, sempre passamos o Dia dos Pais juntos. Outras datas especiais, como ano-novo e Natal, são alternadas entre ele e a mãe dos garotos. Ele disse que também deixa as crianças à vontade, quando querem ficar com a mãe ou vice-versa. Aliás, Kauã e Kaiã têm várias casas. Como Ediburgo mora na Barra Nova, muitas vezes eles ficam na casa da avó materna, em Maceió, onde já têm um quarto todo montado. Eu me amarro muito, é um verdadeiro show de bola ser pai.

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