Cidades
Sem-terra invadem banco e entram em confronto com PM

FÁTIMA ALMEIDA Trabalhadores rurais sem-terra ligados ao MST invadiram, ontem pela manhã, a sede do Banco do Nordeste, em Maceió, para exigir a liberação de créditos agrícolas para os assentamentos Ipê Amarelo, Brasileira e Valise, todos no município de Atalaia. Para abrir caminho, os trabalhadores forçaram e acabaram quebrando uma das trancas da porta do banco. A polícia foi chamada e houve princípio de confronto. Dois policiais tiveram ferimentos leves e um menor de 17 anos, filho de um dos assentados, foi recolhido a um camburão da polícia por algumas horas. A invasão ocorreu por volta das 11 horas e suspendeu por mais de três horas o atendimento do banco. Sete viaturas da Polícia Militar chegaram ao local provocando reação nos sem-terra, que já se encontravam dentro do banco. No tumulto, uma taça de vidro foi atirada contra a cabeça do tenente PM Nascimento, que ficou ferido no rosto e no pescoço. Outro policial, soldado Agemário Velaris, também se machucou no braço, em decorrência de chutes, segundo informações da polícia. Os sem-terra negam as agressões. Segundo eles, no tumulto alguns objetos caíram. Eles afirmam, também, que um dos policiais chegou a sacar a arma. Mas não houve tiros. Por volta das 13 horas foi tirada uma comissão de negociação composta por representantes do Banco, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Direitos Humanos da PM, CUT e MST. Os trabalhadores concordaram em deixar o local e aguardar as negociações no Ginásio Estadual. Reivindicações O que os sem-terra querem é a liberação de recursos para projetos de cultura irrigada que, segundo José Santino, líder do MST, tramitam há mais de um ano sem resposta do banco. A gerência da instituição se defende: ?Na realidade esses projetos chegaram em nossas mãos na semana passada, e já na sexta-feira foram levados para apreciação, em Aracaju. O problema é que eles contêm falhas de elaboração que precisam ser corrigidas?, diz Jorge Luiz Cardoso, gerente do BNB. ?Se existem falhas, são do banco também, que orientou os projetos?, rebate Santino. Juntos, os projetos que beneficiariam cerca de 90 famílias dos três assentamentos somam cerca de 300 mil reais, segundo as lideranças do movimento.