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Nº 5861
Cidades Darcinéia e José Roberto, dizem ter sido vítimas de tortura psicológica por parte da políc

Caso Danilo: mãe diz que foi agredida e forçada a confessar

Darcineia Almeida acusou policiais de violência e ameaças; Defensoria pedirá afastamento de equipe que atua na investigação

Por tatianne lopes | Edição do dia 17/10/2019 - Matéria atualizada em 17/10/2019 às 06h00

A mãe e o padrasto da criança sequestrada e morta a golpes de faca, no Clima Bom foram conduzidos à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro de Chã de Bebedouro, na noite dessa terça-feira (15). Os dois foram ouvidos pelo delegado Bruno Emílio, responsável pela investigação. O curioso, no entanto, é que a mãe da criança denunciou ter sido agredida e forçada pela polícia a confessar a morte do menino. A informação inicial é de que o casal, mais especificamente o padrasto, teria algum tipo de participação na morte brutal da criança. A mãe da criança estaria, então, acobertando o crime. Entretanto, a nova tese não foi confirmada oficialmente pela Polícia Civil. Já em entrevista à Rádio 98FM, na manhã dessa quarta-feira (15), a mãe do garoto, Darcinéia Almeida Campos, afirmou que policiais civis e o delegado foram até sua residência, na noite de ontem, e a levaram junto com seu esposo, para o que seria um “atendimento psicológico”. A mulher relata que, lá, foi agredida com tapas nas costas e que a ameaçaram dar choques com um fio elétrico. “Ficaram dizendo que eu e meu esposo matamos o menino. Eles deram tapas nas minhas costas, pegaram um fio dizendo que iam me dar choque elétrico, que iam divulgar a informação de que eu era culpada pela morte para a população queimar a minha casa”, denunciou Darcinéia. Segundo José Roberto, padrasto da vítima, os dois ficaram em locais separados. Ele afirma que não chegou a ser agredido, mas que sofreu tortura psicológica. “Eles falaram para minha esposa que eu tinha confessado o crime e que toda a família dela suspeitava de mim. Me forçaram a dizer que eu era culpado. Ela disse que foi espancada por um policial alto. Minha esposa chegou em casa pior do que estava. Estão acusando a gente de fazer isso com o menino”, declarou.

ESTADO DE CHOQUE

A Gazeta de Alagoas esteve na manhã de ontem na casa onde a família está abrigada. Com medo de represálias da população, dona Darcineia, o marido e o irmão gêmeo do pequeno Danilo, agora vivem de um lado para o outro, na casa de vizinhos que, acreditando na inocência de ambos, abrigam toda a família. Abalada, em estado de choque e sem conseguir falar uma palavra sequer. A mãe e, agora, suspeita de participação no crime, apenas se balança para frente e para trás, incapaz de definir a dor que está sentindo. Ao contrário do que, aparentemente, acredita a polícia, os vizinhos mais próximos garantem que a mãe seria incapaz de cometer ou mesmo se envolver em um crime tão chocante e brutal. “Ela é uma mãe dedicada aos filhos, sempre cuidou bem deles. Todos os dias levava os meninos para a escola e também para a igreja. É um absurdo isso que estão falando dela”, afirmou uma vizinha. “Estamos revoltados com toda essa situação. Quando fiquei sabendo dessa notícia não quis acreditar. A rua inteira encheu de gente, todos querendo saber se era verdade. Mas não é. Ela é uma mãe maravilhosa”.

DEFENSORIA

O defensor público Marcelo Arantes, chefe do Núcleo Criminal da Defensoria Pública do Estado (DPE), informou que vai pedir o afastamento do caso de toda equipe policial que investiga a morte do menino Danilo. A decisão foi tomada após a mãe da criança denunciar que foi vítima de tortura psicológica por parte dos agentes públicos. De acordo com o defensor, ele deve encaminhar denúncia aos órgãos fiscalizadores e de controle, como o Conselho Estadual de Segurança (Conseg) e a Corregedoria de Polícia Civil de Alagoas. “A partir de agora, a Defensoria vai acompanhá-los e eles só serão ouvidos na presença de um defensor”.

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