Cidades
Mãe do garoto Danilo acusa coordenador do Deic de tortura
Darcineia disse ter sido agredida física e verbalmente; delegado diz que que denúncia é “descabida”


O delegado da Polícia Civil de Alagoas Fábio Costa, coordenador da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), foi apontado pela mãe do garoto Danilo como responsável pelas agressões sofridas por ela. Na última quarta-feira (16), Darcinéia Almeida, mãe do menino de 7 anos morto no bairro do Clima Bom, acusou Costa de tê-la torturado para que confessasse participação na morte do filho. Em nota à imprensa, o delegado afirmou que a denúncia é descabida.
Em depoimento prestado à Defensoria Pública Estadual, na última quarta-feira (16), ela contou que o delegado a agrediu física e verbalmente durante seu depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Chã de Bebedouro. Bastante emocionada, Darcinéia chegou a reconhecer o delegado em imagem mostrada pelo defensor que atua na defesa da família. “Ele tinha bigode e barba. Era um homem alto”, contou a mãe de Danilo.
Durante o vídeo do depoimento na Defensoria, ela aponta no computador a foto do delegado Fábio Costa. “Foi ele que estava me torturando, colocando o fio na energia e o outro segurando um negócio e apertando o botão, dizendo que eu ia levar um choque que jamais ia esquecer”, contou Darcinéia, emocionada. Em prantos, ela chega a dizer que não aguenta mais essa situação e que cogitou suicídio.

A mulher reconheceu também o delegado da Polícia Civil Bruno Emílio como um dos policiais que estavam no dia da suposta tortura. “Ele ficava dizendo: fale a verdade, confesse que foi o seu marido. Ele está lhe ameaçando para você não falar a verdade? Ele já confessou o crime, agora falta você. E eu disse: moço, pelo amor de Deus, eu sou inocente; ele é inocente”. Ainda segundo Darcinéia, as agressões vieram de vários lados. Ela comentou que, no dia do depoimento, um homem forte de cabelo branco, uma mulher loira de tatuagem e uma outra de óculos, de vestido longo, que se dizia psicóloga, estavam presentes na delegacia. “Ela [psicóloga] ficou me massacrando. Disse que era crente lá fora, mas lá dentro não. ‘Não fale em Deus, não. Você vai ver o que vai acontecer com você’”, relata a mãe do garoto.
Em nota, o delegado Fábio Costa negou a acusação. “Acerca da denúncia veiculada a meu respeito nego por completo a prática de qualquer tipo de tortura física ou psicológica. A denúncia perpetrada pela genitora da vítima é descabida, notadamente porque não faz parte do modelo de conduta adotado por mim durante o exercício do mister policial. Sempre prezei pela legitimidade e lisura em todos os atos investigativos, de modo que preferimos manter o foco na investigação desse crime bárbaro cometido contra uma criança de apenas 07 (sete) anos, a ter que travar um embate desnecessário contra acusações indevidas. Estou certo que identificaremos e prenderemos o(s) autor(es) deste crime”, afirmou.
OAB
A assessoria de comunicação da OAB/AL, ao ser questionada pelo Portal Gazetaweb, informou não ter conhecimento a respeito do depoimento no qual Darcinéia acusa o delegado. “Nós ainda não tomamos conhecimento desse depoimento, mas, semana passada, a Comissão dos Direitos Humanos esteve com a família e também ouvimos dela [Darcinéia] a mesma acusação e daremos os encaminhamentos possíveis. Mas, logicamente, precisamos ouvir a Polícia Civil ainda”, explicou a Comunicação da OAB/AL.