O governador Renan Filho (MDB) já anunciou que concederá à iniciativa privada serviços de água e esgoto da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) na região metropolitana de Maceió. A decisão é considerada pelo Sindicato dos Urbanitários de Alagoas como privatização da empresa pública. A direção da entidade informa que deve prosseguir com campanha contra a medida em questão e como forma de chamar atenção da população, para o que considera como prejuízo ao patrimônio do povo alagoano.
“O governo tem dito que não se trata de privatização e sim de uma concessão. O fato é que tira da Casal a gestão de água e esgoto e passa para a iniciativa privada. Isso para nós é privatização”, assegura Nestor Powell, presidente do Sindicato dos Urbanitários. De acordo com ele, a proposta do governo é passar para empresa privada, por um período de 30 anos, renováveis por mais 30, os serviços de água e esgoto de 14 municípios da região metropolitana de Maceió. A Casal, conforme ele, ficaria com a produção e o tratamento de água, mas a gestão seria levada à iniciativa privada.
“Defendemos a parceria com a iniciativa privada, mas não entregando o que a Casal já tem para a iniciativa privada”, pontua o sindicalista. Ele destaca que, no caso do fornecimento de água, 98% dos 102 municípios do Estado já são abastecidos pela companhia e por isso não faz sentido entregar o serviço para o setor privado.
Nestor destaca, por outro aspecto, que, no caso do saneamento básico, a cobertura na região metropolitana da capital é de aproximadamente 30% e “se for para se chegar aos 100%, neste caso, poderia sim remunerar a empresa responsável pela execução da obra e do serviço. “Agora o que não dá é para pegar o sistema pronto e entregar para a iniciativa privada”, posiciona-se o presidente dos Urbanitários. Com relação ao futuro dos trabalhadores da Casal em caso de concessão da empresa à iniciativa privada, Nestor Powell afirma que o sindicato já fez a mesma indagação ao governo, que até agora não deu respostas sobre a questão. “Acredito que isso pode gerar demissões”, assegura ele, que toma como base o mesmo processo de privatização ocorrida com a extinta Companhia Energética de Alagoas (Ceal).
“Não dá para aceitar passivamente a venda do patrimônio do povo alagoano”, reforça o sindicalista, que considera, entretanto, que é preciso melhorar a capacidade e os serviços da Casal pelo Estado. “Esta medida do governo vai na contramão de vários outros lugares pelo mundo, que privatizaram o serviço de água e depois tiveram que voltar atrás, ao perceberem que esse modelo não dá certo para atender a população”, acrescenta. Para chamar a atenção da população, os Urbanitários têm utilizado outdoors espalhados pela cidade contra a privatização da Casal.