Obras do viaduto da AL-101 norte causam transtornos à população
Construção provocou assoreamento do rio Jacarecica; água está sem vazão, com muito lixo e restos de animais mortos
Por patricia mendonca | Edição do dia 23/10/2019 - Matéria atualizada em 25/10/2019 às 15h56
Apesar de a Prefeitura de Maceió responsabilizar o governo do Estado por contenção das águas do Rio Jacarecica, devido à construção do novo viaduto do Litoral Norte da Capital, o Estado nega a responsabilidade e a transfere para a gestão municipal. Enquanto isso, moradores da comunidade Sítio Jacarecica sofrem com a falta de escoamento que, em dias chuvosos, provoca alagamentos prejudicando a população carente que vive às margens do confluente que recebe esgoto de diversas regiões da cidade. Por outro lado, a população local também aponta que as obras da duplicação da AL-101 Norte causaram, ainda mais, o assoreamento no rio. “Naturalmente a foz do rio tapa por conta da maré, mas a construção do viaduto assoreou cada vez mais o rio e a água está sem vazão para correr, pois estreitaram às margens dele. Agora a água está parada, com muito lixo e restos de animais mortos acumulados, vindos de diversas regiões de Maceió”, critica Amanda de Oliveira, moradora do Sítio Jacarecica, comunidade afetada pelo problema.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
Por meio de nota, a A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) disse que realizou uma avaliação técnica no local e verificou que “o alagamento foi causado por uma contenção realizada durante a obra de duplicação da rodovia”, disse a secretária, acrescentando que, por conta da obra, “a Seminfra não poderá realizar qualquer intervenção”. Já a Secretaria de Estado de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand), também por meio de nota, alega que o acúmulo de sedimentos no rio é natural e que às obras realizadas na região não tem nenhuma relação. “Como é de conhecimento dos moradores da região, é comum que o movimento das marés obstrua o curso natural do Rio Jacarecica para o mar. Dessa forma, por se tratar de área em perímetro urbano, o serviço de desassoreamento está sob os cuidados da Prefeitura de Maceió”. Enquanto isso, os moradores sofrem com alagamentos e doenças comuns de quem tem contato com água poluída.
“Temos muito mosquitos, às nossas crianças estão com suspeita de dengue. Muitas vezes temos que nos expor ao alagamento com água podre, com mijo e fezes de rato. Um caos. A gente pede ajuda aos órgãos competentes mas eles nunca fazem nada por nós”, reclamou Amanda Oliveira.
No último alagamento, ocorrido no final de semana, populares tiveram a iniciativa de tentar abrir o canal do rio que dar acesso ao mar.