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Declaração de sexóloga gera divergência entre religiosos

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Para sexóloga Aryanne Marques, sexo foi criado não apenas para a reprodução
Para sexóloga Aryanne Marques, sexo foi criado não apenas para a reprodução -

Passa-se o tempo e a sexualidade no contexto do cristianismo não deixa de ser tabu até para quem exerce a religião e solta uma opinião a este respeito. Tudo gera repercussão. Foi assim com a sexóloga Aryanne Marques, que, recentemente, causou rebuliço ao afirmar, para uma plateia cristã, que o sexo foi criado para o prazer, não apenas para reprodução. Esta opinião diverge, em parte, com o entendimento da Igreja Católica. Durante a Expo Cristã, a profissional afirmou que, nos tempos da Bíblia, existia preliminar, beijo na boca, amasso, aconchego, acolhimento. “Sexo é o vínculo afetivo mais precioso que Deus deixou na Bíblia para homem e mulher casados”, afirmou. “Em Cantares [de Salomão], a Bíblia fala: ‘que os teus lábios me cubram de beijos, pois teu amor é melhor que o vinho’”, afirmou.

O padre alagoano Rodrigo Rios explicou que, para o clero, o sexo tem a função unitiva e procriativa, não podendo ser desassociada uma da outra. Além disso, lembra que a Igreja é contra os métodos contraceptivos artificiais, já que inibem a possibilidade de uma gravidez. “Caso assumíssemos uma posição como a desta sexóloga, poderia se abrir a possibilidade do sexo usando contraceptivos. O problema é que, muitas vezes, as pessoas demonizam o sexo e isso não é correto. Mas, esse deve ser sempre aberto à vida”, avalia o padre.

Na opinião dele, é importante a unidade entre o casal e o sexo seria a bênção divina para a concretização da união. No entanto, os cônjuges devem sempre estar abertos à intervenção divina no sentido de uma possível geração de vida. A Igreja Católica também não é favorável aos procedimentos médicos que impedem futuras gestações, a exemplo da laqueadura e a vasectomia. “Isto só poderia ser feito em casos em que uma gravidez imponha risco à mãe. Então, preza-se pela vida dela, mas optar por laqueadura ou vasectomia muitas vezes é por motivos econômicos e, então, a Igreja se opõe”. Para ele, planejamento familiar de maneira natural é permitido, afinal de contas nem todos têm condições financeiras para criar vários filhos. “O método de ovulação Billings (MOB) é um método natural de planejamento familiar, que permite aos casais conhecer sua fertilidade de forma natural, sem o uso de dispositivos, e consciente de seu estado de fertilidade e/ou infertilidade podem planejar qual o melhor momento para manterem relações sexuais com o objetivo de conseguir ou adiar uma gravidez”, explica o padre.

O pastor Jabson Gerônino, da Assembleia de Deus em Maceió, concorda com a opinião da sexóloga, embora esclareça que Deus, no livro do Gênesis, já orientou Adão e Eva, assim como as futuras gerações, a crescer e multiplicar a terra. Seria uma clara determinação para que a relação sexual fosse utilizada para procriação. “No entanto, o sexo não é somente para procriação, também não é apenas por prazer. Se fosse assim, Deus não teria proibido o adultério e as pessoas estavam livres para se relacionar com quem bem quisessem”, afirmou o pastor.

Na opinião dele, entre um casal, que já tem filhos, por exemplo, o sexo vai ser o complemento do casamento, o momento de prazer entre eles. E esclarece que, por orientação do que está escrito na Bíblia Sagrada, sexo só pode ser concretizado após o matrimônio e entre parceiros únicos.

A educadora em sexualidade Laylla Brandão, de Maceió, disse achar válida a iniciativa da colega, já que, dentro das terapias sexuais, a religiosidade seria um empecilho para queixas como anorgasmia (ausência de orgasmo), vaginismo e retardo ejaculatório (pois necessitam também do ‘auto prazer’). “No mundo da sexualidade não há regras, mito menos o que deve ou não se deve fazer. O casal ou o sujeito, de forma individual, deve se descobrir e formar suas concepções e práticas, aliás, gosto e prazer são totalmente subjetivos. Permissividade para o autoconhecimento é muito necessário, pois o prazer não depende do outro, ou só do outro”.

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