Cidades
Programas federais reduzem mis�ria social

FERNANDO ARAÚJO A queda dos índices de mortalidade infantil em Alagoas tem sido usada pelo governo estadual como exemplo positivo de suas ações voltadas para a melhoria dos indicadores sociais do Estado, que ainda se comparam aos grotões da África Central. A mortalidade efetivamente dá sinais de recuo, mas isto vem ocorrendo devido aos programas sociais bancados pelo governo federal, que atualmente investe cerca de R$ 5,5 milhões por mês nos municípios mais pobres do Estado. São mais de 280 mil famílias beneficiadas com o Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e Agente Jovem. Some-se a esses recursos os R$ 55 milhões que a Previdência Social repassa mensalmente aos aposentados e pensionistas do Estado, o que ajuda a reduzir a miséria social de milhões de alagoanos. O dinheiro dos programas sociais é repassado pela Caixa Econômica Federal diretamente às famílias cadastradas, para evitar o uso político desses recursos, como historicamente ocorre com a chamada ?indústria da seca??, que tem enriquecido muitos políticos e empresários sem escrúpulos. Atualmente, perto de 280 mil famílias pobres estão cadastradas na Caixa Econômica Federal, cuja meta é fechar o primeiro semestre do ano com um total de 300 mil famílias cadastradas, o que dá um total aproximado de 1,5 milhão de pessoas, considerando a média de cinco integrantes por família. ?Não fosse esses programas, a mortalidade infantil no Estado ainda estaria em patamares que envergonham a nação??, admite Cícero Péricles, que também é pesquisador e professor da Universidade Federal de Alagoas. Relatório Relatório da Caixa revela que atualmente 140.894 famílias participam do Bolsa-Escola, enquanto outras 59.399 recebem Bolsa-Alimentação e 80.984 são beneficiárias do Auxílio-Gás. Em menor escala existem ainda o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e o Agente Jovem. No total, esses programas sociais assistem diretamente cerca de 320 mil crianças em todo o Estado. A essas ações sociais financiadas pelo governo federal se somará o Programa Fome Zero, que está em fase de implantação. Na avaliação de Cícero Péricles, a implementação do Fome Zero irá melhorar os indicadores sociais de Alagoas, a começar pela redução nos índices de mortalidade infantil, que ainda envergonham o País. O economista adverte que as condições sociais do povo alagoano vêm piorando nos últimos anos com o crescimento do desemprego e a falta de políticas públicas voltadas para a retomada do crescimento econômico do Estado. Ao analisar o programa Fome Zero lançado pelo governo federal, Péricles concorda que a tarefa de erradicar a fome e garantir o direito à alimentação das famílias pobres não pode se restringir apenas a uma proposta de governo, mesmo que sejam articulados com eficiência todos os órgãos setoriais nos três níveis de governo. O professor da Ufal lembra que os números da fome revelados no volume 2 do Atlas da Exclusão Social no Brasil (gráfico ao lado) denunciam a tragédia social vivida pela maioria do povo alagoano. ?A exclusão é uma chaga social que não pode ser escondida nem remediada, mas encarada de frente??, diz o economista.