Na avaliação de Marcos Freire, defensor público que atua no Juizado da Violência Doméstica de Arapiraca, não há requisitos suficientes para sustentar a prisão preventiva de José Roberto Morais, padrasto do garoto Danilo Almeida, 7 anos, assassinado no mês passado no Clima Bom, parte alta de Maceió. José Roberto é apontado como suspeito dos crimes de estupro de vulnerável, lesão corporal, cárcere privado e tentativa de homicídio contra a ex-mulher e a enteada, entre os anos de 2009 e 2010, quando ainda morava em Arapiraca. “Com 39 minutos depois que a delegacia recebeu o mandado, a prisão já estava sendo cumprida em Maceió. Entendo que não estão presentes os requisitos para a prisão preventiva, por isso protocolei o pedido de revogação”, afirma o defensor público. A prisão de José Roberto Morais foi decretada pelo juiz Alexandre Machado – do Juizado de Violência Doméstica Contra a Mulher de Arapiraca – e cumprida após diligência da Polícia Civil. “Vejo alguns pontos que chamam a atenção nesse caso, primeiro em relação ao tempo que se deram os fatos e que somente agora foram investigados; segundo, os crimes foram investigados pelos próprios policiais de Maceió que foram denunciados pela prática de tortura, mas deveria ter sido outra delegacia e em terceiro como se deu, pediram a prisão e ele (José Roberto) sequer foi ouvido sobre os fatos”, explica Freire. José Roberto - que é padrasto do menino Danilo Almeida – morto a facadas, crime até agora não elucidado pela polícia, chegou a denunciar com a esposa delegados que conduzem a investigação sobre o assassinato do garoto. “Os delegados saíram do seu distrito, não teve nenhuma comunicação para a delegacia especializada de violência doméstica de Arapiraca, apenas procederam a diligência, ouviram duas pessoas em Arapiraca sobre os fatos e efetuaram diligências até em Sergipe. Ouviram a vítima e a enteada em Aracaju, no caso os mesmos delegados que estão investigando o caso Danilo. Sobre a forma como procedeu é no mínimo curiosa toda essa celeridade e porque só vieram à tona dez anos depois”, questiona Marcos Freire. Segundo o defensor público, o mandado de prisão preventiva foi expedido às 14h17 do dia 7, somente encaminhado à delegacia às 15h26 e pouco depois das 16 horas o José Roberto já estava na delegacia sendo informado que estava preso. No fim do mês passado, o Ministério Público Estadual (MPE) anunciou a instauração de procedimento para investigar a denúncia de suposto abuso policial praticado por delegados que apuram o assassinato do menino Danilo Almeida. No vídeo entregue às autoridades, a mãe de Danilo – Darcineia Almeida - chora e conta que foi ameaçada e agredida pelos delegados da Polícia Civil Fábio Costa e Bruno Emílio.