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Nº 5692
Cidades Juarez José gravou vídeo em que acusa delegados da Deic da prática de tortura

Preso na Operação Navalha diz ter sido torturado pela equipe da Deic

Juarez José afirmou ter sido agredido com socos; delegados classificam denúncia como descabida

Por thiago gomes | Edição do dia 13/11/2019 - Matéria atualizada em 13/11/2019 às 06h00

Mais uma denúncia de suposta tortura praticada por delegados veio à tona ontem. Juarez José da Silva, preso na Operação Navalha por ser suspeito de fazer parte de um grupo liderado por policiais que extorquiam dinheiro comerciantes em Maceió, gravou um vídeo em que denuncia ter sido vítima desta prática por parte dos delegados da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) Fábio Costa, Thiago Prado e Cayo Rodrigues, no dia em que foi detido. Na gravação, ele diz que os maus-tratos teriam ocorrido em 30 de outubro, quando foi abordado pelas equipes policiais no município de Campo Alegre. Juarez, que tem mandado de prisão em aberto e está foragido, relata que foi trazido para a sede da Deic, em Maceió, e ficou em uma cela, algemado, por quase 24 horas. “Só me tiraram de lá [deste local] umas quatro horas da tarde do outro dia. Me levaram para um quartinho, me fizeram um monte de perguntas, me torturaram, me bateram muito, me deram muito chute… o delegado Fábio Costa, Diego [seria Thiago] Prado e Caio, me bateram muito para eu dizer uma coisa. Me botaram uma bolsa umas dez vezes, eu desmaiei umas quatro, cinco vezes, não aguentei (sic)”, diz ele, no vídeo. Ele acrescenta que foi obrigado a assinar um documento sem saber bem o conteúdo. “Me fizeram assinar um papel e eu não sei o que eu assinei. Me falaram que eu tinha que assinar a pulso, porque se não morria. Aí eu tive que assinar pra dizer que eu fiz algumas coisas com os policiais. Como eu disse que eu não foi feito nada, eles [que seriam os delegados] disseram que se eu abrisse o bico morreria”, denuncia.

“RIDÍCULA E FANTASIOSA”

O delegado Fábio Costa Costa afirmou tratar-se de “mais uma denúncia ridícula e fantasiosa”, ressaltando que todo o processo de oitiva do suspeito foi registrado em vídeo e remetido à Justiça. “Virou moda no Brasil fazer essas acusações mentirosas, e aqui não tem sido diferente. Os criminosos passam a acusar seus investigadores. Mais uma vez, trata-se de uma denúncia ridícula e fantasiosa. Existem vários órgãos para investigar esse tipo de denúncia, como o Ministério Público, a Corregedoria da Polícia Civil e Ministério da Segurança. Fizemos uma investigação imparcial e sem qualquer tipo de direcionamento, por isso estamos tranquilos. Dessa vez, talvez o suspeito não soubesse que todo o interrogatório dele foi registrado do começo ao fim”, disse Fábio Costa. A denúncia que veio à tona nesta terça-feira foi feita por meio das redes sociais, por Juarez José da Silva, um acusado que está foragido e foi alvo da Operação Navalha - que desarticulou um grupo especializado em extorquir comerciantes, do qual faziam parte um policial militar e alguns policiais civis. Segundo Fábio Costa, a participação de mais integrantes das forças de segurança pública na organização criminosa (orcrim) não está descartada. “As investigações continuam e é possível que outros policiais tenham envolvimento com esse grupo. Diversas denúncias têm chegado até nós. É possível que a terceira fase da Operação Navalha seja realizada”, destacou. O delegado Thiago Prado negou qualquer tipo de tortura física ou psicológica para nenhum investigado, seja policial ou não. Ele informou que todos os depoimentos da Operação Navalha foram gravados em sistema audiovisual e já, inclusive, foram remetidos ao Poder Judiciário como meio de prova. “O que ocorre é a tentativa descabida de tentar desqualificar a investigação policial, entretanto, todas as provas foram produzidas de forma lícita. Por esta razão, o Poder Judiciário, por meio da 17ª Vara Criminal da capital, decretou a prisão preventiva de seis policiais, sendo cinco policiais civis e um militar, além de três indivíduos que compunham o grupo criminoso utilizando o fardamento da Polícia Civil”, destaca Thiago Prado. O delegado Cayo Rodrigues também diz acreditar que se trata de uma “tentativa frustrada dos próprios investigados de fragilizar uma investigação que foi conduzida com muita técnica, imparcialidade, isenção e que acabou coletando diversos elementos comprobatórios em desfavor destas pessoas”. Ele diz estar muito seguro quanto à legalidade dos procedimentos. “O denunciante é o único investigado que está foragido, embora já tenha em seu desfavor mandado de prisão preventiva decretado. Contra ele, há inúmeros elementos que comprovam a sua participação nos crimes”, disse o delegado. Esta não é a primeira vez que os delegados da Deic são acusados de tortura. Em depoimento prestado à Defensoria Pública Estadual (DPE), Darcinéia Almeida, a mãe do pequeno Danilo Almeida, de 7 anos, morto no bairro do Clima Bom, apontou o delegado Fábio Costa de ter praticado agressões contra ela durante outro depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa. Ele diz ter sido forçada a confessar envolvimento na morte do filho. O delegado negou a prática.

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