“Eu vi eles matando meu irmão e eu não pude fazer nada”. O relato é a última lembrança que a irmã de Carlos Henrique Ferreira da Silva,19, morto no último domingo (24) após uma abordagem policial na Grota do Estrondo, na Pitanguinha, tem dele. Familiares e amigos do jovem contestam a versão dos militares da Radiopatrulha de que houve um confronto.
Em entrevista à TV Ponta Verde, a irmã da vítima, que preferiu não se identificar, contou que viu os militares executando o rapaz. “Eu vi eles matando meu irmão e eu não pude fazer nada”, lembra. “Eu ali e meu irmão pedindo justiça”. Carlos Henrique não tinha passagem pela polícia e trabalhava como servente de pedreiro, segundo a mãe. Um vizinho, que também teria testemunhado o fato, contou que os policiais já chegaram atirando. “Quando viram ele baleado, pegaram pelas costas e saíram dizendo ‘é você que vai morrer’”, relata. Sobre a tese de que houve um confronto, o vizinho desmente. “Eles começaram a atirar dentro de um sítio para simular um tiroteio”, revela. “Eles deram dois tiros nas costas dele”. Um vizinho conta que, após o fato, os militares recolheram as cápsulas de bala com ajuda de uma lanterna Também amedrontada, a mãe do jovem cobra justiça. “Eu só quero que esses policiais paguem pelo que fizeram”.
OUTRO LADO
Em relatório interno da corporação, a PM diz que, durante incursão na Grota do Estrondo, deparou-se com quatro indivíduos, que tentavam fugir do local ao ver a viatura, porém, os indivíduos vieram na direção dos integrantes da guarnição que desciam pela escadaria. Ao perceber a presença dos policiais vindo a pé, dois individuos teriam fugido e outros dois foram abordados, e um deles fez disparos contra a guarnição, que revidou. “O mesmo veio ainda à [sic] correr para um matagal e efetuar outros disparos, vindo em seguida a cair no chão, logo após a guarnição se aproximou do mesmo, que ainda encontrava-se com vida, foi quando novamente dispararam contra a guarnição, agora vindo do matagal, que ficava em frente ao local onde o autor dos primeiros disparos estava caído, a guarnição se abrigou e novamente revidou os tiros, momento em que chegou outras guarnições no apoio, que fizeram o cerco na mata, porém, mas [sic] ninguém foi capturado”, diz o relatório. Em seguida, a guarnição teria socorrido do indivíduo, que foi levado ao HGE mas não resistiu aos ferimentoso. Segundo os militares, foi apreendido na ocorrência 1 revólver calibre 38, 3 munições calibre 38 deflagradas e 2 munições intactas.
* Sob supervisão da editoria de Cidades..