Cidades
Crendice popular alimenta supersti��o da sexta-feira 13

FÁTIMA ALMEIDA Cuidado! Se você, hoje, não acordou com o pé esquerdo, volte para a cama e comece tudo de novo, com o pé direito. Bata na madeira três vezes antes de sair de casa, e nada de ficar se olhando na frente de espelho quebrado. Passar debaixo de escada, nem pensar, e se um gato preto cruzar seu caminho, cruz credo, hoje é sexta-feira 13, dia do azar e de todos os males, segundo o imaginário popular. Tem gente que, num dia desses, não sai nem de casa, e, quando sai, não perde a oportunidade de atribuir à fama do dia, qualquer infortúnio que lhe acontecer. Difícil mesmo é passar indiferente, mesmo para aqueles que não acreditam em nada sobre o que dizem da sexta-feira 13. Tem sempre alguém para lembrar a data, num tom que recomenda cautela ou alerta. ?Para mim é um dia como outro qualquer. Embora todo mundo fale alguma coisa, nunca me aconteceu nada que justificasse o medo da sexta-feira 13. Se acontecer, vou encarar como um fato que poderia ter acontecido no dia 14, 15, ou em qualquer outro dia?, diz o motorista Paulo Ferro. As superstições em relação ao dia, estão longe de representar unanimidade. Há pessoas que, ao contrário da má fama da sexta-feira 13, espera o dia como prenúncio de bons fluidos. ?Eu gosto quando o dia 13 cai numa sexta-feira. É meu dia de sorte. Parece que tudo de bom fica reservado para acontecer nesse dia?, diz a secretária Rita de Cássia Costa. A crendice é universal e secular, e já foi incorporada ao folclore popular. Quando o dia 13 cai numa sexta-feira, ganha conotações na maioria das vezes malignas, evocando elementos da obscuridade mitológica, como bruxas, que lembram má-sorte, bizarrices... No cinema, a sexta-feira 13 foi imortalizada como o dia do terror, em obras diversas. São muitas as tentativas de explicação e desmistificação desse conceito, mas ninguém sabe ao certo quando surgiu, como surgiu e por que essas crendices são alimentadas até hoje. Entre as histórias que multiplicam, uma delas remonta ao século XIV, quando as relações entre Paris e Roma degeneraram por causa dos constantes problemas financeiros do rei Filipe, o Belo, que entrou em confronto com a Igreja e com o papa Bonifácio VIII. O papa, depois de vários embates públicos com o rei, chegando a excomungá-lo, chegou a ser preso, morrendo um mês depois. Excomungado pela Igreja e rejeitado pelos Cavaleiros Templários da França, o rei Filipe só queria vingança. No dia 13 de outubro de 1307, cerca de 5 mil Cavaleiros caíram numa cilada armada pelo rei, foram presos, torturados e massacrados em público por métodos como empalamento, esfolamento e queimaduras. Ligados à magia, cerca de 20 templários sobreviventes amaldiçoaram a data, condenando a sexta-feira 13 a ser o dia das mazelas, dos azares, da pouca esperança, do mal e da vingança.