S� o Comit� de Bacias pode definir projetos
Canindé do São Francisco (SE) Sem o Comitê de Bacias, qualquer discussão sobre o futuro do Rio São Francisco é inútil. O Comitê será instalado em agosto e até lá nada se pode fazer para apressar as soluções que visam à defesa do rio. Ao fazer a observ
Por | Edição do dia 17/03/2002 - Matéria atualizada em 17/03/2002 às 00h00
Canindé do São Francisco (SE) Sem o Comitê de Bacias, qualquer discussão sobre o futuro do Rio São Francisco é inútil. O Comitê será instalado em agosto e até lá nada se pode fazer para apressar as soluções que visam à defesa do rio. Ao fazer a observação, o professor José Theodomiro criticou a demora na regulamentação do Comitê e disse que, até hoje, as atribuições dos organismos responsáveis pela defesa das águas no País foram apenas normativas. Não tivemos força deliberativa. Desde o encontro de Estocolmo, o que se fez foi normatizar o setor. Isto é pouco. Mas a partir de agosto, quando o Comitê for oficialmente instalado, a lei 9439 poderá ser aplicada e, aí sim, passaremos a deliberar e cobrar as providências reclamadas pela sociedade, adiantou. Repreendeu O professor Theodomiro chegou a repreender o diretor da Companhia Hidrelétrica do São Francisco Chesf Ricardo Furtado, quando ele disse que a empresa, durante a recente crise de energia elétrica, transpôs água para o São Francisco. Não diga isso, vamos acabar com essa história. A Chesf transpôs foi quilowatt, mas nós não comemos nem bebemos quilowatt, reagiu. Ele defende a transposição de água para o Rio São Francisco, citando os Rios Tocantins e Paranaíba como as duas fontes principais para o projeto. O Brasil tem oito por cento da água do mundo, mas veja que oitenta por cento dessa disponibilidade de água no País está no Amazonas, que tem dez por cento da população nacional; o Nordeste, com trinta e dois por cento da população brasileira, tem apenas três por cento da água disponível. Isto é preocupante, alertou. Composição Sobre o Comitê de Bacias, o professor adiantou que será formado pelos governos federal, estaduais os cinco Estados banhados pelo São Francisco e municipais, além de técnicos, pesquisadores, representantes das universidades, pescadores e da comunidade ribeirinha. A bacia do rio é formada por Minas Gerais, com 235 mil quilômetros quadrados; Bahia, 300 mil quilômetros quadrados; Pernambuco, com 67 mil quilômetros quadrados; Alagoas, com 14 mil 588 quilômetros quadrados e Sergipe, 7 mil 184 quilômetros quadrados. Com exceção de Alagoas, nos demais Estados banhados pelo São Francisco os projetos de irrigação beneficiam o semi-árido e aumentaram a produção de frutas e verduras. Os sertões de Minas Gerais, da Bahia, de Pernambuco e de Sergipe formam quatro mercados produtores independentes, sendo os três primeiros destinados ao mercado externo apenas o excedente ou o refugo ficam no mercado interno. O semi-árido de Sergipe produz para Salvador, Aracaju e as cidades ribeirinhas nas margens de Alagoas Piranhas, Delmiro Gouveia, Olho DÁgua do Casado. Área disponível De acordo com levantamento realizado pela Chesf, existem três milhões de hectares de terra irrigáveis no Vale do São Francisco. Mas os projetos de irrigação estão mal distribuídos, com alguns Estados concentrando maior número de áreas irrigadas pela força do poder político. A exceção é Alagoas, que perdeu a disputa com Sergipe. Enquanto os sergipanos avançaram nos projetos de irrigação, atingindo este ano 40 mil hectares em apenas dois municípios Canindé e Poço Redondo Alagoas não tem sequer proposta encaminhada ou em apreciação no Ministério da Integração Nacional. Nas áreas disponíveis para irrigação no semi-árido do São Francisco, uma surpresa: a produtividade é maior que nas terras do Sul e Sudeste. Exemplo: um hectare plantado com tomate produz 80 toneladas no semi-árido; e 40 toneladas no Sul e Sudeste. Outra vantagem é que o semi-árido pode produzir até três safras por ano, sem o risco das perdas causadas pelas geadas que atingem o Sul e o Sudeste. No sertão de Pernambuco outro exemplo a produção de uva chegou ao recorde de cinco colheitas em dois anos, atraindo a fábrica do vermute Cinzano. Numa fazenda de 160 hectares, a Fazenda São Francisco, onde estão as parreiras da fábrica, fornece matéria-prima para a produção de 1,7 milhão de litros.