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Nº 5808
Cidades

Revitaliza��o do S�o Francisco � utopia

ROBERTO VILANOVA Canindé do  São Francisco (SE) - O projeto para a revitalização do Rio  São Francisco é uma utopia, um  sonho distante de ser realizado. A definição é do presidente do Comitê da Bacia do São Francisco e a maior autoridade sobre o rio

Por | Edição do dia 17/03/2002 - Matéria atualizada em 17/03/2002 às 00h00

ROBERTO VILANOVA Canindé do  São Francisco (SE) - O projeto para a revitalização do Rio  São Francisco é uma utopia, um  sonho distante de ser realizado. A definição é do presidente do Comitê da Bacia do São Francisco e a maior autoridade sobre o rio, professor José Theodomiro. De passagem por Alagoas – ele visita periodicamente toda a bacia do rio, desde Minas Gerais até Piaçabuçu – o professor também criticou a proposta para se provocar cheias artificiais no São Francisco. Ele participou do II Encontro de Educação Ambiental do Entorno da Usina Hidrelétrica de Xingó, na semana passada. “Vim de enxerido, sem ser convidado”, apresentou-se. O professor indagou sobre o projeto de revitalização do rio: “Revitalizar o quê, se a vazão do São Francisco permanece a mesma desde 1929?” Inviável Para o professor Theodomiro o mais importante é a preservação e a prevenção do rio, porque o problema do São Francisco não está na calha principal, mas nos afluentes. Disse que não se detectou, até hoje, a contaminação da calha principal com metais pesados ou agrotóxicos. “Esses problemas estão nos afluentes, que precisam ser recuperados. Esses sim, precisam ser revitalizados”. O professor Theodomiro também criticou a proposta para se provocar cheias artificiais no São Francisco e, assim, permitir a formação das lagoas que servem para as desovas dos peixes. Para ele, a proposta é inviável. “Fui aos Estados Unidos verificar os projetos que provocam as cheias artificiais. São muito caros. Não temos dinheiro, nem tecnologia para bancar um projeto desses”, explicou. Ele disse que qualquer alteração no curso do rio desencadearia uma série de prejuízos, inclusive ecológicos e para o abastecimento d’água à população. “Todos os projetos, sejam para irrigação ou abastecimento, instalados na margem do rio, seguiram o parâmetro da vazão de Sobradinho. Se aumentarmos o nível, causaremos problemas sérios”, ensinou. Nos Estados Unidos as cheias artificiais foram possíveis porque o governo indenizou as empresas agroindustriais e industriais, instaladas às margens dos Rios Mississipi e Colorado, pelo lucro cessante decorrente do período em que se registrou o aumento da vazão dos dois rios. “Para você ter uma idéia, o governo norte-americano gastou três milhões de dólares só para recolher mil e duzentos caramujos, que receberam chips e estão sendo monitorados pelo computador”, disse. Inalterado O projeto para as cheias artificiais, na opinião do professor Theodomiro, somente é exeqüível a partir de Xingó na direção da foz. Antes, os transtornos, inclusive ambientais, e o alto custo, inviabilizam o projeto, ainda que seja a solução apontada pelos pescadores para a recuperação da produção do rio. O professor garante que a vazão do São Francisco se mantém em dois mil e oitocentos metros cúbicos por segundo. “Desde 1929 a vazão é esta, não se alterou; ora, se não houve alteração na calha principal, então não é correto se falar em revitalização. Revitalizar o quê?” – indagou. O que o professor Theodomiro recomenda são as medidas preventivas, para evitar que a calha principal do rio sofra as influências da contaminação dos afluentes. “Os afluentes saturados, mortos, ou contaminados com metais pesados, esses é que comprometem o rio”.

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