Advogado confirma fraude na compra de armas

O advogado Welton Roberto, que representa a empresa de importação MTI Trade, confirmou ontem, em entrevista a uma emissora de rádio local, que a fábrica italiana Franchi não liberou as armas compradas pelo governo alagoano porque elas foram pagas com uma carta de crédito do Banco do Brasil de um milhão de dólares sem lastro. Welton Roberto, no entanto, revelou que ainda acredita que as 280 espingardas calibre 12, compradas pela Secretaria de Defesa Social com recursos federais, chegarão ao Estado. ?Do contrário, o dinheiro terá que ser devolvido?, disse o advogado. Ele garante que a empresa MTI Trade está procurando meios de resolver a pendência relacionada ao não pagamento das armas. Golpe O advogado evitou comentar a possibilidade de o governo alagoano ter sido vítima de um golpe, que lesaria as finanças estaduais em cerca de US$ 600 mil, por considerar precipitado fazer tal afirmação. Entretanto, definiu como ?estranho? o pagamento à vista de uma mercadoria que não foi entregue. ?É de se estranhar pagar duas vezes se nem o primeiro lote chegou?, disse Welton Roberto. A carta de crédito a que se refere o advogado foi falsificada pela firma que intermediou a negociação das armas e o próprio Banco do Brasil já instaurou procedimento administrativo para apurar a irregularidade. A fraude foi admitida pelo secretário da Defesa Social, delegado Robervaldo Davino, que enviou semana passada uma agente a Brasília para investigar a denúncia junto ao Banco do Brasil, quando ficou constatada a falsificação do documento oficial do banco. Em recente entrevista a uma emissora de TV local, Davino informou que a investigação do caso estava praticamente concluída e que iria comunicar o fato ao governador Ronaldo Lessa para que tomasse as providências. Fontes da Secretaria de Defesa Social não descartam a possibilidade de algum servidor público ter participado do negócio das armas que resultou em prejuízo para o Estado. Mas o governador Ronaldo Lessa já adiantou que aliado seu não rouba. ?Não tenho aliado ladrão. O erário terá de ser ressarcido e os responsáveis pela operação serão rigorosamente punidos?, advertiu o governador na última terça-feira, antes de viajar para Europa. (BO e FA)