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Padre Ben� faz apelo ao Iphan e ao governo

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A falta de condições dos mantenedores da Igreja Santa Maria Madalena é evidente, mas não parece o suficiente para sensibilizar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de que é necessária uma intervenção externa, com recursos para restauração, manutenção e preservação. Projetos não faltam, é o que dizem, mas falta quem invista em sua concretização. ?A Igreja não tem recursos para isso. Recorremos à comunidade para as questões mais simples, mas temos que buscar apoio mais amplo, porque não se trata só de consertar o teto da Igreja. O governo e o Iphan têm que fazer também a sua parte?, apela o padre Bené de Lima, responsável pela paróquia de Marechal Deodoro há cerca de seis meses. Esta semana ele recebeu uma visita extraordinária de uma equipe da Secretaria de Cultura, Iphan e Serveal, para ver a questão do desabamento do teto. Os levantamentos feitos no local serão transformados num pedido de verba emergencial, ao Ministério da Cultura, para recuperar a coberta da Igreja, mas tanto o padre quanto a equipe sabem que precisa muito mais que isso para salvar a Igreja do destino cruel de ser transformada em ruína, como já aconteceu às igrejas do Carmo, do Rosário e outras de Marechal Deodoro e demais cidades alagoanas erguidas no período do Brasil Colonial. Na Igreja Santa Maria Madalena, a cimalha (arremate do forro) também está desabando sobre o altar lateral. O altar mor já perdeu quase que totalmente suas características originais para a sanha dos cupins e está prestes a desabar. O altar da capela lateral, um dos recantos mais belos e de grande riqueza arquitetônica, também está arriando, cedendo aos efeitos de infiltrações múltiplas, que também ameaçam o coro da Igreja. Do telhado, onde a vegetação faz estragos, vêm outros efeitos externos determinados pelas condições climáticas de chuva ou de sol. A falta de recursos não é o único fator que imobiliza o Iphan. O órgão também se ressente da limitação de técnicos. Além da diretora, que por acaso é arquiteta, o órgão conta apenas com o arquiteto Mário Aloísio para atender à sub-regional de Alagoas, que tem a proteção de outros conjuntos arquitetônicos e culturais em vários municípios alagoanos. Entre eles estão a Igreja da Apresentação, em Porto Calvo, o Museu Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios, as igrejas de Nossa Senhora da Corrente e de São Gonçalo, Convento Nossa Senhora dos Anjos e Centro Histórico de Penedo, o único município que tem se beneficiado de ações externas na recuperação e preservação do patrimônio histórico. ?A comunidade de Penedo é mais participativa, cobra, veste a camisa, denuncia as ações ofensivas ao patrimônio histórico. É diferente de outras comunidades. Em Porto Calvo, por exemplo, a cidade foi tombada, mas passou por um processo tamanho de descaracterização, que o tombamento foi revisto e ficou restrito à Igreja Matriz. Em Marechal Deodoro, a comunidade também é mais passiva?, observa Mário Aloísio. ?A comunidade não pode ser responsabilizada, porque em patrimônio tombado não se pode meter a mão. O que é possível fazer é tentar sensibilizar o governo para a necessidade de investir na preservação e recuperação do patrimônio?, diz Eleuza Galvão Rodas. Na sua opinião, a criação do Museu D. Ranulfo, em 84, acabou contribuindo para acelerar a deteriorização física das igrejas locais. ?Tiraram as imagens das igrejas e colocaram no museu. Com isso, tiraram a devoção do povo. Sem os santos, as igrejas foram fechadas e fadadas à situação em que hoje se encontram?, diz ela, referindo a algumas igrejas que estão em situação de ruína. Na opinião de Mário Aloísio, há um sistema cooperado de descaso que envolve também o Estado, que não investe, operadoras de turismo, que não colocam Marechal Deodoro em seus roteiros, e o poder público municipal e o próprio Iphan. Projetos não faltam, em todas as esferas, mas acabam adormecendo em alguma gaveta, esperando recursos. ?Há três anos Marechal Deodoro é incluído no Plano de Trabalho do Iphan, mas não é contemplado com recursos?, confessa ele. Centro de Marechal Atualmente, o Iphan está cuidando do tombamento nacional de uma área mais ampla do centro histórico de Marechal Deodoro, já tombado pelo patrimônio estadual, que também não tem comparecido à sua responsabilidade. O processo de tombamento já passou pela fase de discussão local, elaboração do dossiê (transformado no livro Marechal Deodoro, um itinerário de referências culturais, da arquiteta Josimary Ferrare), análise do Iphan nacional, e encontra-se em tramitação no Ministério da Cultura. As principais edificações religiosas e oficiais de Marechal Deodoro são descritas no livro de Josemary Ferrare com detalhes de estilo, datas de edificação, histórico e utilização atual. Algumas estão ativas, por intervenções feitas pela paróquia local e setores da comunidade, a exemplo da Igreja do Senhor do Bomfim, em Taperaguá, e Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, edificada no início do século XVII, ambas com finalidade religiosa ativa. Edificações No rol das edificações em atividade incluem-se também a Igreja de Santa Maria Madalena e o Convento São Francisco, edificados a partir de 1684, a primeira com finalidade religiosa e o segundo abrigando o Museu D. Ranulpho; a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, cuja finalidade atual de espaço cultural está suspensa temporariamente, por falta de condições estruturais (infiltrações, pingueiras, corte no fornecimento de energia, etc.); Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem; Capela de São Pedro; Casa Natal de Deodoro, Mercado Municipal e o Palácio Provincial recuperado há seis anos, hoje sede do centro administrativo municipal. Entre as edificações desativadas estão o Convento e Igreja do Carmo, Igreja da Ordem Terceira do Carmo; Igreja Nossa Senhora do Amparo, Igreja Nossa Senhora do Rosário e a Cadeia e Casa de Câmara, cujo processo de restauração foi iniciado em 1988, mas paralisadas por um golpe da burocracia excessiva: os recursos foram suspensos pelo Ministério da Cultura por causa de um erro no projeto, que não incluiu a cobertura suplementar. Recentemente, as obras de recuperação foram retomadas, mas novamente foram embargadas, desta vez por causa de alterações indevidas no projeto original . (FA)

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