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Doen�as relacionadas � �gua matar�o mais que Aids

Mais de 76 milhões de pessoas, a maioria crianças, morrerão de doenças relacionadas à água até 2020, a não ser que sejam tomadas medidas urgentes para limpar as fontes hídricas do planeta. Um estudo do Pacific Institute of Oakland, na Califórnia, revela que o número de mortes em decorrência do uso de água suja pode ultrapassar o de mortes causadas pela pandemia global de Aids nas próximas duas décadas. ?Até 76 milhões de pessoas, a maioria crianças, morrerão de doenças evitáveis ligadas à água até 2020, mesmo se os atuais objetivos das Nações Unidas forem alcançados?, afirmou Peter H. Gleick, diretor de pesquisa do instituto. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que cerca de 1,2 bilhão de pessoas vive sem acesso à água potável em todo o mundo e que 2,5 bilhões não têm acesso a saneamento. Elas são vulneráveis a doenças fatais como diarréia, cólera, febre tifóide e doenças transmitidas por insetos. Cenários O relatório do Pacific Institute examinou três cenários diferentes e concluiu que, mesmo se os objetivos das Nações Unidas de diminuir à metade a proporção de pessoas sem acesso à água potável forem cumpridos, entre 34 e 76 milhões de pessoas ainda sofrerão nos próximos 20 anos. ?No cenário mais otimista que examinamos, a taxa de mortes por doenças relacionadas à água ainda é assombrosa?, declarou Gleick. ?Essa tragédia escondida forma um dos maiores fracassos do século XX?. Em comparação, a ONU estimou recentemente que, sem a ampliação de programas de prevenção, a Aids matará 65 milhões de pessoas até 2020. ?Os números são comparáveis?, declarou Gleick. ?De alguma maneira, o problema da água é pior. Há doenças que sabemos como prevenir, e são as crianças pequenas que mais morrem. É realmente um problema horrível ao qual não estamos dando atenção suficiente?. O Pacific Institute informou que uma das causas da crise da água é a atual ênfase que muitos países dão à construção de sistemas de tratamento grandes e centralizados, que não podem ser mantidos por recursos locais. ?Sistemas menores, comunitários, são ignorados nos planos de desenvolvimento?, garantiu. ?É hora de mudar de direção, para um padrão mais leve, desenvolvido e operado por grupos locais?, destacou Gleick. Acredita-se que entre dois milhões e três milhões de pessoas morram por ano por causa de doenças causadas pela água, a maioria delas crianças de países em desenvolvimento, vítimas de doenças evitáveis como diarréia forte. Relatório da OMS A Organização Mundial de Saúde, em relatório emitido em 2000, estimou que quatro bilhões de casos de diarréia ocorrem a cada ano, matando cinco milhões de pessoas. O relatório do Pacific Institute coloca diversos cenários para o futuro. Se nenhuma ação for adotada com relação a problemas que vão da escassez de água à contaminação em fronteiras disputadas, além do impacto da mudança climática global, cerca de 135 milhões de pessoas podem morrer. O melhor cenário do relatório estima entre 34 milhões e 76 milhões de mortes caso os objetivos oficiais do programa da ONU sejam alcançados até 2015 e continuem até 2020. Melhorar o acesso à água não é barato. Um encontro internacional recente, em Estocolmo, calculou que os gastos mundiais com água devem crescer pelo menos 35%, ou US$ 25 bilhões por ano, para que os objetivos do milênio da ONU sejam atingidos. Gleick disse que a África do Sul, anfitriã da Rio+10, deu um exemplo de sucesso de política de acesso à água, lembrando que o governo fez esforços para envolver as comunidades locais no planejamento. ?Eles firmaram um compromisso sério para fornecer água para toda a população da África do Sul?, afirmou Gleick. ?Ainda não chegaram lá, mas estão chegando com sistemas de comunidade, trabalhando com governos locais e grupos de usuários da comunidade para identificar as melhores maneiras de suprir as necessidades?.