Cidades
Sem-terra invadem sede da Conab em Macei�

FÁTIMA ALMEIDA / TAMARA ALBUQUERQUE Os trabalhadores rurais sem-terra ligados à Comissão Pastoral da Terra (CPT) invadiram, ontem à tarde, a sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), montaram acampamento no pátio e garantem que só deixam o prédio quando receberem as 1.600 cestas básicas, prometidas a eles pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) desde a semana passada, em caráter emergencial. A invasão aconteceu, às 17h20, precisamente. Os trabalhadores arrombaram os portões de acesso ao pátio da Conab, onde estavam (no lado externo) desde o início da manhã. Segundo explica Carlos Lima, coordenador da CPT, os sem-terra vão ficar no pátio da Conab até que as cestas básicas cheguem aos armazéns e sejam distribuídas com as famílias. À noite, os trabalhadores deixarão o pátio e dormirão nos armazéns. No total, segundo o representante da CPT, serão destinadas ao Estado 19 mil cestas com gêneros alimentícios de primeira necessidade para distribuição com todos os sem-terra acampados ligados ao MST, CPT ou outra facção de sem-terra. As primeiras cestas básicas deveriam ter chegado pela manhã, oriundas da cidade do Recife, mas vários ?contratempos? atrasaram a vinda da mercadoria. Entre eles, problemas mecânicos num dos veículos e com notas fiscais, segundo denuncia Carlos Lima. Marcha Pela manhã, em direção à Conab, os trabalhadores passaram cerca de três horas em um terreno em frente à residência do governador Ronaldo Lessa, na Santa Amélia. Eles não chegaram a montar acampamento e justificaram o ato como uma pausa para descansar e tomar o café da manhã. Mas a parada estratégica tinha como objetivo real forçar a liberação das 1.500 cestas básicas que, segundo eles, vinham sendo prometidas desde a última segunda-feira. Os trabalhadores, que há quase duas semanas estavam acampados nos arredores do presídio Cyridião Durval, no Tabuleiro, em solidariedade a seis companheiros presos por cobrarem pedágio em estradas alagoanas (liberados no fim da tarde de quarta-feira), iniciaram a caminhada por volta das 5h da manhã, em direção à Conab, em Bebedouro, onde receberiam as cestas. Quando passavam em frente à residência do governador por volta das 6h30 de ontem, resolveram parar. ?Nós gostaríamos de convidar o governador para tomar o café da manhã conosco. Mas fomos informados de que ele não estava em casa?, observou Carlos Lima. A permanência foi pacífica, sem palavras de ordem, e acompanhada de perto por viaturas da PM, que seguiram a marcha durante todo o percurso, além de membros do próprio governo, entre eles, o presidente do Instituto de Terras de Alagoas, Lailson Ferreira. Por volta das 9h, os trabalhadores retomaram a marcha, parando, mais uma vez, em frente à Fábrica de Sopa, na Chã de Bebedouro, onde receberam 10 litros do alimento, antes de seguirem, definitivamente, para a Conab. O governo atendeu os trabalhadores na aquisição de seis ônibus para transportá-los, de volta, aos seus municípios de origem.