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Cidades

Cientistas descobrem em AL fóssil de peixe de 130 milhões de anos

Espécie de celacanto vivia fora da água numa área de transição entre o Sertão e a Zona da Mata

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 14/12/2019 - Matéria atualizada em 14/12/2019 às 07h54

Os cientistas de Alagoas que estudam as formas de vida existentes em períodos geológicos passados a partir de fósseis registram a mais nova descoberta que pode revolucionar os estudos relativos aos seres marinho, particularmente alguns anfíbios. Paleontólogos do Nordeste já confirmaram que o material coletado é holótipo (exemplar único), ou seja, indivíduo de uma determinada espécie extinta. O “achado” se trata de um peixe conhecido como “celacanto”(espécie de peixe sarcopterígios), que viveu há mais de 130 milhões de anos numa região que hoje é uma área de transição entre o semiárido e a Zona da Mata do Estado. A informação foi revelada com exclusividade à Gazeta de Alagoas pelo diretor do Museu de História Natural da Universidade de Alagoas (Ufal), professor-doutor em Paleontologia Jorge Luiz Lopes da Silva, ao apresentar o fóssil, pela primeira vez à imprensa, ao lado da também professora e doutora em Geociência Ana Paula Lopes da Silva.

O casal comanda o Museu de História Natural da Ufal, que, nos últimos 30 anos, tem coletado material fossilizado e raros de espécie extintas há mais de 100 milhões de anos. Eles mostraram o material que foi apresentado, reservadamente, em recente encontro de cientistas em Alagoas e surpreendeu os pesquisadores em paleontologia e arqueologia do Nordeste.

Os cientistas já sabem, por exemplo, que o fóssil do peixe encontrado poderia chegar a mais de três metros de cumprimento. O animal foi identificado como um tipo de celacanto. Os celacantos são uma classe de peixe sarcopterígio aparentados com os dipnoicos (espécie de peixe que pode viver fora da água) e com várias espécies extintas do período devoniano, que compreende 416 milhões e 359 milhões de anos atrás.

O material é o primeiro no mundo que descreve a espécime e servirá para estudos referenciais. Depois de descrito caracterizará (batizará) a nova espécie de celacanto. Ainda de acordo com o professor Jorge Luiz, esse tipo de animal é encontrado na África, como um fóssil vivo. Na verdade, é uma espécie que tem parentescos das que estão extintas.

No Brasil, O celacanto do gênero mansônia é encontrado em alguns lugares do continente. Porém, esse material coletado indica que é uma nova espécie de peixe. Até o momento a ciência não registra descrição do material encontrado no Estado.

O animal estava dentro de um sedimento fossilizado (petrificado). Atualmente é mantido em lugar reservado e específico do Museu de História Natural, por conta da importância para a ciência que estuda a evolução dos seres em nosso planeta. O diretor do Museu apresentou o material coletado com exclusividade.

Observou que, mesmo sendo um peixe, não necessariamente vivia no litoral. No lugar onde foi encontrado, no passado teria sido uma parte do litoral que encobria parcialmente o Nordeste. Hoje, é uma região de transição entre o Sertão e a Zona da Mata, revelou a professora Ana Paula sem especificar o lugar da coleta do material por conta dos estudos que ainda estão na fase inicial e pode atrair a atenção de curiosos.

Pesquisadores do Ceará vão estudar a descoberta de Alagoas

Agora começa a nova fase de estudos a respeito do que pode ser a descoberta da nova espécie de peixe, tipo celacanto. Pesquisadores do Ceará que trabalham com identificação de peixes do período devoniano ficaram “encantados” com a descoberta. Eles se dispuseram trabalhar em conjunto com os pesquisadores do Museu de História Natural de Alagoas.

A divulgação detalhada do material coletado só acontecerá depois de ele ser retirado da rocha onde se encontra petrificado, após ser tratado, trabalhado e estudado para em seguida ser publicado. O material pode revolucionar estudos relativos a diversas espécies de peixes do período devoniano.

“Um material coletado como este, que se trata de uma descoberta nova da ciência, não tem a divulgação de forma tão simples e rápida. Neste momento, a gente precisa fazer comparações com material de outras coleções para ter certeza de que se trata realmente de algo novo”, disse o professor Jorge Luiz, ao destacar também a necessidade de trabalhar com todas as referências, fazer comparativos e em seguida preparar a divulgação. Isso deve consumir cerca de seis meses.

Dinossauros

Os pesquisadores já sabem, porém, que o material foi encontrado numa rocha que tem 115 milhões de anos, de um período que os cientistas definem como Cretáceo Aptiano. Na escola do tempo geológico, o Aptiano é a idade da época Cretácea Inferior do período Cretáceo da era Mesozoica, do Fanerozoica, ou seja, entre 125 milhões e 113 milhões de anos aproximadamente. A idade Aptiana marca o início da irradiação das ordens mega diversas de insetos.

Partindo do pressuposto de que se está falando da época dos dinossauros, os pesquisadores acreditam que Alagoas também os abrigou, como explicou o professor Jorge Luiz, ao acrescentar, porém, que não existe esse material preservado em rochas alagoanas. Os sedimentos desse período Cretáceo são encontrados no território alagoano em formato de rocha.

A professora-doutora em Geociência Ana Paula Lopes da Silva participa das pesquisas realizadas em Alagoas ao lado do professor Jorge Luiz Lopes da Silva, seu marido. Ela trabalha com Geografia, Geologia Sedimentar e o que mais chama sua atenção são as ocorrências encontradas no Estado. Essas ocorrências, atualmente, são consideradas como “relevantes” para a paleontologia do Brasil. “Estamos encontrando fósseis de espécies novas com incidência no litoral como no semiárido”, frisou.

A nova descoberta de celacanto encontrado pela equipe do professor Jorge Luiz seria o primeiro registro para Alagoas de um animal já extinto há mais de 100 milhões de anos e recentemente foi apresentado no “Pálio Nordeste”, que é um encontro regional da Sociedade Brasileira de Paleontologia. O encontro reuniu paleontólogos e arqueólogos do Nordeste que trabalham em diversas áreas da pesquisa, diferentemente dos pesquisadores de Alagoas, que atuam em setores específicos.

Ao examinarem fragmentos rochosos e fósseis, os pesquisadores confirmaram novidades que hoje fazem parte do acervo do museu de História Natural da Ufal.

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